Betania Libanio harmoniza a implantação cromática e o tema formal

Emanuel von Lauenstein Massarani
27/03/2003 15:15

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A realidade social e humana do mundo contemporâneo tão diferente sob os céus dos diferentes continentes e, por conseqüência, das diversas regiões do Brasil, possui todavia um motivo que tem em comum as múltiplas formas, sob as quais ela se nos apresenta: a crescente dificuldade do homem em reconhecer e interpretar a própria condição.

A jovem artista, carioca de nascimento mas de origem potiguar, preocupa-se há algum tempo dessa problemática. Numa contínua confrontação das próprias experiências, ela encontrou a fórmula para juntar a sensibilidade e o raciocínio do ser humano com a vitalidade e a intuição de artista.

Em virtude desse equilíbrio foge completamente a uma rígida classificação de "ismos". Trata-se de uma pintura que poderia pertencer a diversas escolas e a nenhuma, eis que aqui se exprime a sua força: a amplitude da arte.

Embora de personalidade forte, sólida e envolvente, o drama e a esperança do ser humano na vida cotidiana confluem em todas as suas obras, imbuídas da aplicação das técnicas de execução.

Ao examinar sua obra poderíamos defini-la de uma pintura "social", o que é verdade, sempre que definir de social um pintor significa tomar ato de uma pintura de conteúdos válidos e concretos, expressos com coragem e determinação num momento em que não somente a arte contemporânea, mas a sociedade mesma necessitam de presenças vivas e sólidas.

Dotada de um sentido vivo e pessoal da cor, Betania Libanio sabe harmonizar na sua obra a implantação cromática com o tema formal, denotando uma forte sensibilidade na variação dos temas e na emoção que as várias telas propõem.

Suas paisagens silenciosas e seus seres, como em "Monte Verde" e "Conversas ao Luar", obras doadas ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, colhem um momento particular da luz e se direcionam a uma concentração sintética das formas. Pintora tecnicamente segura, deixa transparecer no desenho e na cor um estudo profundo e constantemente vivificado por uma espontaneidade de expressão.



A Artista

Betania Libanio Dantas Araújo nasceu no Rio de Janeiro em 1969. Formou-se em Artes Plásticas pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo. Realizou mestrado em Artes Visuais, tendo como tema de dissertação a "Alfabetização visual pelo cartum: uma investigação e leitura de charges e cartuns". Em 2001, foi coordenadora do curso de arte na Oficina Cultural Oswald de Andrade é, ainda, autora de diversas publicações sobre arte e cultura.

Participou de inúmeras exposições coletivas e individuais, destacando-se entre elas: Mostra de carvão e técnica mista - Pinacoteca de São Paulo (1992 e 1993); SENAC Tatuapé, São Paulo (1994); Mural da República - Comemoração do centenário - Escola Prudente de Moraes em parceria com a Faculdade de Belas Artes de São Paulo (1995); XXIV Bienal de Arte, São Paulo (1998); Salão de Humor da Bélgica (2000); Câmara Municipal de São Paulo; Estação Júlio Prestes, São Paulo; Praça Benedito Calixto, São Paulo (2001); "O Sertão" - acervo da fazenda Cará-Cará/RN (2002).

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