Debate sobre o aproveitamento da água em São Paulo


17/09/2003 18:37

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Da assessoria do deputado Nivaldo Santana

O deputado Nivaldo Santana (PCdoB) propõe a realização de um debate público a fim de se definir quais são as prioridades para a utilização da água disponível no Estado de São Paulo. Com a possibilidade de a Sabesp anunciar, para o mês de outubro, um racionamento que atingiria a Região Metropolitana, o parlamentar considera imprescindível uma discussão ampla, envolvendo temas como as dificuldades no abastecimento da população e o uso de mananciais exclusivamente como geradores de energia elétrica.

"Dados da própria secretaria responsável pelos recursos hídricos do Estado demonstram que a disponibilidade de água por habitante na Região Metropolitana de São Paulo é inferior à do semi-árido nordestino, o que significa que estamos vivendo numa região que tem quase 20 milhões de habitantes e está na iminência de um grande colapso no fornecimento de água", afirma o deputado.

Técnico da Sabesp e ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (Sintaema), Santana lembra que cada vez mais a empresa vem sendo obrigada a buscar água em lugares distantes para abastecer a Região Metropolitana. "Isso eleva sobremaneira o custo de distribuição e de tratamento", afirma.

Para que esse problema diminua consideravelmente, o deputado define como "de alta prioridade" a necessidade de recuperação e preservação dos mananciais paulistas. "Garantir água para abastecimento humano deve ser, sem dúvida nenhuma, a prioridade de qualquer tipo de política de recursos hídricos no Estado, particularmente nas duas grandes bacias com problemas, a do Alto Tietê e a do Piracicaba", atesta Santana.

Críticas ao processo de flotação

Nivaldo Santana critica a intenção do governo estadual de desviar água do Rio Pinheiros para a Represa Billings, através do processo de purificação conhecido como "flotação". Nesse método, diz ele, substâncias químicas coagulantes são jogadas sobre o rio e promovem uma aglutinação da poluição em flocos, que emergem e possibilitam uma remoção mecânica da sujeira acumulada.

Para o deputado, a flotação provocará dois grandes problemas: não se sabe qual será o destino do lodo que vier a ser retirado e não existe comprovação científica de que esse método é eficaz para grandes volumes de água. "O que parece é que, uma vez mais, o setor de energia tem prevalecido sobre o uso de água para saneamento básico. Essa política está prevalecendo em relação ao uso da água da Billings e de outros mananciais para consumo humano", opina.

A intenção do governo, com o processo de flotação, é deixar o Rio Pinheiros limpo a fim de que sua água volte a ser bombeada para a Billings, aumentando o aproveitamento e a geração de energia da Usina Henry Borden. Para Nivaldo Santana, em razão dessa política adotada pelo Executivo é que se faz necessário o debate sobre a questão da água. "Antes mesmo de se decidir pela adoção desse sistema de purificação de água limitado, devemos debater as imensas dificuldades que envolvem seu fornecimento, e privilegiar o abastecimento público, conforme determina a Constituição e a legislação específica", conclui.

gabinete@nivaldosantana.com.br

alesp