Estamos comemorando mais um Dia das Crianças. Embora alguns possam enaltecer que se trata de uma data comercial para vender brinquedos e aquecer a economia, numa entressafra do Dia dos Pais ao Natal, e isso não deixa de ser verdade, mesmo assim podemos aproveitar este momento para uma reflexão.

Criança, ao nascer, tem como exigência material ser alimentada pelo leite materno. E só! Não bebe água, não come nenhum alimento, não ingere nenhuma bebida. Todo o seu corpo se desenvolve " e bem " por meio do leite materno. Na falta dele, por vários motivos, o alimento pode ser substituído por outro tipo de leite, mas a preferência " da criança e da medicina " é que seja o leite materno, sempre que possível. Ou seja: exatamente o produto disponível sem nenhum custo adicional.

Após esse período de amamentação, não são raras as vezes que vemos crianças sorrirem com um simples gesto de um adulto, ficarem alegres porque ganharam uma bala ou um pirulito, vibrarem por um saco de pipocas.

Quanta energia, alegria por coisas simples e, do ponto de vista econômico, de baixíssimo custo.

Ao darem os seus primeiros passos, andarem, brincarem, não fazem questão de roupas de grife. Basta que sejam roupas leves que permitam a elas liberdade dos seus movimentos e gesticulações.

Infelizmente nós adultos incutimos na cabeça das crianças o preço das coisas e não os valores, e, aos poucos, elas vão deixando essa inocência e liberdade, e, gradativamente, vão optando por uma complexidade e exigência material cada vez maiores.

Crianças nascem livres e simples. Os adultos as tornam prisioneiras de si mesmas e complicadas. Crianças se entusiasmam com quaisquer provocações que as agradem, e nós adultos as "ensinamos" a selecionar o que pode lhes agradar. Crianças nascem sinceras e objetivas, e nós adultos as ensinamos a maquiar a verdade e a agirem estrategicamente, nem sempre com muita sinceridade.

Ah, crianças... que pena que nós adultos nos esquecemos que fomos crianças, e que muitos dos traumas que existem dentro de nós foram-nos imputados na fase pueril. Digo que pena que nos esquecemos disto, pois fazemos com elas o mesmo que nos causou esses traumas.

Os tempos mudam, as coisas se modernizam... a educação e o cuidado permanecem sendo os grandes desafios.

Que neste Dia das Crianças possamos repetir o que Taiguara nos deixou em uma de suas mais belas canções: "Que as crianças cantem livres sobre os muros". Feliz Dia das Crianças a todos!



*Marco Aurélio é deputado estadual pelo PT.