Coleta seletiva: por que não?

Opinião
03/06/2008 20:11

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Começou nesta segunda-feira, 2/6, a Semana do Meio Ambiente. É um momento forte de tomada de consciência, tanto do poder público como da população, que deve levar a uma mudança de mentalidade e de postura, desembocando em políticas concretas e corajosas, para melhorar a qualidade de vida das atuais e futuras gerações.

Taubaté é uma cidade em pleno desenvolvimento, portanto se faz necessário planejar ações, estabelecer prioridades para que o desenvolvimento aconteça de maneira sustentável, pois já temos um passivo ambiental enorme e estamos sofrendo suas conseqüências. Por exemplo, o município terá que enfrentar inevitavelmente o problema do lixo. O aterro sanitário (lixão) está saturado e com uma técnica de compostagem defasada e ultrapassada, além de apresentar sérios problemas com a contaminação do lençol freático.

Por que não se pensou nisso antes? Falta de compromisso do poder público, falta de consciência e cobrança por parte da população. O poder público vem "empurrando com a barriga" há décadas o problema, pois não há cobranças e não rende dividendos políticos eleitorais; não dá votos. A população, na sua esmagadora maioria, não se preocupa com a destinação final do lixo, apenas quer se livrar dele. Coloca a sacola em frente ao portão e não pensa mais no assunto. Ainda pior, faça a experiência de deixar uma caçamba de entulhos na frente da sua casa. Com certeza ela amanhecerá cheia de toda espécie de lixo que você imagina, pois toda a vizinhança aproveita para livrar-se dos entulhos e daquilo que não sabem onde colocar.

Nossa mentalidade tem de mudar até mesmo quando vamos ao supermercado para fazer compras. As sacolas plásticas oferecidas são extremamente danosas ao meio ambiente. Tanto que é verdade que já temos tipos de sacolas biodegradáveis, mas me lembro que, quando elas não existiam, fazíamos as compras utilizando sacolas de pano ou bolsas de lona, ressuscitadas hoje em alguns lugares.

Precisamos urgentemente implantar a coleta seletiva em nossas cidades. Com essa atitude, nós aumentaremos a vida útil dos aterros sanitários. Também se faz necessária a implantação de uma usina de reciclagem, não somente para diminuir a quantidade de lixo, mas também para gerar empregos e renda, além de aumentar a capacidade de nossas fontes geradoras, isto é: matéria-prima dos produtos que serão reciclados.

Se são tantos os benefícios, por que ainda não foi implantada a coleta seletiva em nossas cidades?

Eis a pergunta! Falta de compromisso com a vida do planeta, com uma política sustentável, com as futuras gerações. O aquecimento global está aí para comprovar que estamos dizendo. Não podemos mais esperar. A vida do planeta e do ser humano pede socorro. Portanto, se cada um fizer a sua parte nas coisas mais simples, nós poderemos recuperar, preservar e transformar. Mas o poder público deve urgentemente fazer também a sua parte e a primeira ação é dar o exemplo. Louvamos a atitude do Ministério Público, que tem procurado atuar nesse sentido e também a da Polícia Ambiental, mas tudo isso poderia dar mais resultados se a população tivesse mais consciência, o que acontecerá a partir de campanhas, gestos e atitudes concretas do poder público.

Infelizmente quando não há consciência, quem paga um alto preço é a própria população, pois quem sempre paga a conta são os mais pobres.



*Afonso Lobato é deputado estadual pelo Partido Verde, padre, advogado e presidente da Frente Parlamentar de Apoio aos Municípios do Vale do Paraíba, Mantiqueira e Litoral Norte.

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