Opinião - Dia Nacional de Combate ao Câncer: reflexão e cuidado


26/11/2009 17:42

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Há 11 anos, o Dia Nacional de Combate ao Câncer, lembrado em 27 de novembro desde que a Portaria GM 707/1998 do Ministério da Saúde o instituiu com a finalidade de ampliar o conhecimento da população sobre o tratamento e a prevenção da enfermidade, está longe de ser uma data comemorativa. Considerada como a segunda causa de morte por doença no país, a portaria estabelece que a data seja uma oportunidade para "evocar o importante significado histórico das entidades de combate ao câncer, de consagração aos inumeráveis e valiosos serviços prestados ao país e proporcionar importante mobilização popular quanto aos aspectos educativos e sociais na luta contra o câncer".

De acordo com estimativas do Inca (Instituto Nacional do Câncer), em 2010 o Brasil terá quase 500 mil novos casos da doença, precisamente 489.270 (incluindo casos descobertos de tumor de pele não melanoma, o mais comum e de melhor prognóstico). Os números fazem parte da análise "Estimativa 2010: Incidência de Câncer no Brasil", publicado uma vez a cada dois anos, que recebi em meu gabinete. Esse relatório é a principal ferramenta para planejamento e gestão da saúde pública em câncer. Os tipos mais incidentes, à exceção de pele não melanoma, serão os de próstata e pulmão (masculino) e de mama e colo do útero no (feminino), ainda de acordo com as informações do Inca.

Para se ter uma ideia, somente na Região Nordeste o câncer representa a terceira causa de morte por doença. Nas demais regiões, segue-se às doenças cardiovasculares, como causa de morte, com incidência maior na Região Sul. Segundo especialistas na identificação e tratamento da doença em nível internacional, entre os motivos que induzem ao grande número de casos estão o aumento da expectativa de vida da população em geral, associada à maior exposição a fatores de risco. O tipo de câncer que mais cresce no país e no mundo, segundo constatei, é o de pulmão, em consequência da propagação do hábito de fumar e da facilidade de acesso a este tipo de droga, comum em todas as faixas etárias.

O controle do tabagismo poderia evitar cerca de 30% dos novos casos de câncer previstos para o Brasil para o ano de 2010. Afinal, esse foi um dos motivos que levou o Governo do Estado de São Paulo a apresentar a Lei 13.541/09, que ficou popularmente conhecida como a "Lei Antifumo", que resultou na suspensão do fumo em ambientes fechados de uso coletivo, como bares, restaurantes, estabelecimentos comerciais e casas noturnas. Até mesmo os "fumódromos" em ambientes de trabalho e as áreas reservadas para fumantes ficaram proibidas, o que considero um exemplo de direito à preservação da vida para todo país, visto que a legislação estabelece ambientes 100% livres do tabaco.

Além do hábito de fumar, é importante lembrar que o consumo exagerado de álcool, a vida sedentária, a falta de proteção solar e a dieta rica em gordura também estão entre os principais fatores de risco para a doença. Em contrapartida, uma alimentação rica em frutas, verduras e fibras, e pobre em gorduras, previne 35% dos cânceres. Em relação aos novos casos previstos, isso representaria 131 mil em relação ao valor total, excluindo pele não melanoma. Neste contexto, afirmo que os exames específicos conduzidos regularmente por profissionais também são importantes quando o assunto é prevenção. Estes exames podem detectar a enfermidade precocemente, o que garante o sucesso no tratamento.

A preocupação demonstrada por órgãos ligados à saúde pública, tanto em nível nacional quanto em nível estadual, servem para orientar o trabalho que, em conjunto com os demais parlamentares, procuro desenvolver aqui na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Um trabalho que tem início na identificação e reconhecimento do problema e no apoio às ações do Governo do Estado. Além dos dados apresentados, a preocupação se deve, ainda, à informação de que o risco de uma pessoa adquirir câncer cresceu: a taxa de risco, que em 1979 era de 40 a cada 100 mil mulheres e de 60 a cada 100 mil homens, alcançou o patamar de 60 a cada 100 mil mulheres e 80 a cada 100 mil homens em 1999.



*Edmir Chedid é advogado, deputado estadual pelo Partido dos Democratas e presidente da Comissão de Transportes e Comunicações da Assembleia.

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