Seminário debate elaboração e financiamento de políticas esportivas


16/04/2008 20:49

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Para o deputado Vicente Cândido (PT), a luta dos agentes políticos comprometidos com o esporte deve começar com o esforço para a criação de um modelo de financiamento inspirado no que o SUS representa para a área da saúde. A proposta foi defendida no seminário Programa de Esporte para as Prefeituras Municipais, aberto nesta quarta-feira, 16/4, no auditório Franco Montoro da Assembléia Legislativa.

Vicente Cândido, que também é vice-presidente da Federação Paulista de Futebol, fez palestra sobre as leis de incentivo e a captação de recursos para o esporte. Segundo ele é fundamental criar um sistema único que consolide em termos legais o financiamento das políticas esportivas e garanta a continuidade dos projetos.

O deputado, membro da Comissão de Esportes e Turismo da Assembléia, ressalvou, contudo, que não basta assegurar os recursos, é preciso também criar uma "cultura" em defesa do esporte. "Precisamos dotar o país de boas leis, boas políticas e bons gestores nessa matéria", declarou.

Na conclusão de sua palestra, Vicente Cândido também se disse preocupado em como o país se apresentará diante do mundo por ocasião da Copa do Mundo de Futebol de 2014. "É o momento de refletir sobre os problemas de gestão esportiva que enfrentamos no Brasil", disse ele.



Novos parâmetros



Em seu primeiro dia, o seminário, organizado pela Comissão de Esportes e Turismo, reuniu representantes de cerca de 70 municípios do Estado, entre secretários, vereadores e outras lideranças políticas. O principal objetivo do evento é discutir questões e posicionamentos que possibilitem a elaboração de políticas públicas de esporte e lazer em âmbito municipal.

Já em seu discurso de abertura, o presidente da comissão, Luciano Batista (PSB), apontou para as dificuldades de ordem prática que o setor enfrenta. "Ainda não conseguimos convencer a maioria dos prefeitos da importância desta pasta", disse Batista acenando com dados da Unesco que dão conta do papel estratégico dos esportes no desenvolvimento e na melhoria de quase todos os índices sociais. "A verdade é que a Secretaria Estadual de Esporte, Lazer e Turismo tem um orçamento muito inferior ao de várias autarquias", concluiu.

Roberto Felício (PT), presidente da Comissão de Educação, apontou o foco do seu discurso para a necessidade de se buscar novas perspectivas para políticas públicas de esporte e lazer. "Precisamos de parâmetros capazes de orientar essas políticas, ao mesmo tempo, para o enriquecimento dos indivíduos e para o estímulo de relações sociais baseadas na solidariedade", afirmou. Na mesma linha, o também petista Enio Tatto defendeu que o esporte seja visto, sobretudo, como meio de inclusão social e de desenvolvimento.



Esporte na sociedade



Também fez parte da programação deste primeiro dia de seminário uma palestra do professor doutor Antonio Carlos Simões, titular da Escola de Educação Física e Esporte da USP, sobre o tema "A Função do Esporte na Sociedade Moderna". Numa chave sociológica, Simões desenvolveu o tema em torno de duas linhas de pensamento.

A primeira, que condenou, põe no centro das atenções o espetáculo esportivo, reduzindo homens e mulheres a produtos voltados para a relação custo/benefício. A linha defendida pelo palestrante enxerga o esporte "inserido na sociedade do homem". Neste caso, os vetores de definição de políticas passam a ser a integração social, a cultura, a qualidade de vida e a socialização de modelos solidários.

"Para isso é preciso eleger projetos adequados às peculiaridades locais, identificados com o contexto social dado pela própria comunidade", afirmou Simões. "Infelizmente o que geralmente acontece é o inverso, isto é, em vez de fazermos do esporte um instrumento para desenvolver a socialização, estamos nos servindo dele para incutir nas crianças modelos oriundos do espetáculo esportivo."

alesp