Protesto contra violência no sistema Anchieta-Imigrantes


29/06/2004 16:18

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Da assessoria da deputada Maria Lúcia Prandi

"O brutal assassinato do policial rodoviário Ednílson de Melo Barreto é a prova incontestável da ausência de segurança a que estão submetidos os milhares de usuários do sistema Anchieta-Imigrantes". O desabafo foi feito pela deputada Maria Lúcia Prandi (PT), que desde abril vem cobrando ações da Secretaria Estadual de Segurança Pública para coibir a onda de violência, que tem vitimado motoristas que trafegam pelas rodovias do sistema.

"Lamentavelmente, mais uma vida foi ceifada brutalmente. O secretário Saulo de Castro Abreu Filho manteve-se calado diante dos apelos e, se houve alguma ação para inibir a criminalidade, esta morte demonstra que a ação foi ineficiente", enfatiza a parlamentar. Na última semana, Prandi havia protocolado outro Requerimento de Informações, cobrando explicações da Secretaria de Segurança Pública sobre a desativação de postos de vigilância no Sistema Anchieta-Imigrantes.

"Infelizmente, numa triste coincidência, poucos dias depois este policial perdeu a vida no exercício de sua função", lamentou Maria Lúcia. No início de abril, a parlamentar já havia questionado diretamente o secretário Saulo Castro sobre as razões para o desmonte dos postos policiais. No documento, também cobrava ações imediatas para garantir segurança aos milhares de usuários do sistema. A cobrança foi feita por meio de ofício e Requerimento de Informações, que até hoje permanecem sem qualquer resposta.

Para a deputada Prandi, a forma como o policial de 32 anos foi morto também revela outro lado perverso da insegurança pública. Por estratégia desenvolvida e determinada pelo comando, muitos policiais permanecem sozinhos em viaturas paradas ao longo das rodovias. "Dessa forma, eles também ficam desprotegidos e se tornam alvos fáceis para ação dos marginais. Foi o caso do policial Ednílson, morto pelas costas quando provavelmente cuidava da manutenção do veículo. Se estivesse em dupla, talvez não engrossasse a triste estatística das vítimas de violência", acrescentou a parlamentar.

Outras mortes

Em janeiro de 2003, um procurador de Justiça, Luis Felipe França Ramos, foi assassinado por assaltantes, quando parou para trocar o pneu furado por uma pedra. Sua viúva, a advogada Thereza Christina Marcondes trabalha na criação da Associação de Apoio às Vítimas da Ecovias. Meses depois, uma engenheira química morreu em circunstância semelhante, no trecho entre os kms 50 e 52 da Via Anchieta.

Antes da morte do policial no domingo, dia 27/6, vários casos de violência no sistema Anchieta-Imigrantes já haviam sido divulgados pela Imprensa. Num deles, um jovem foi abordado por dois motociclistas que saíram do mato, junto às alças de acesso ao viaduto Mário Covas. Durante horas, ele permaneceu preso no porta-malas do carro, que foi abandonado pela dupla.

"A segurança pública é uma atribuição do Estado. Não é possível que a tecnologia seja feita somente para onerar os usuários, com um sistema cada vez mais eficaz para arrecadar com multas. O monitoramento com câmeras precisa e deve ser usado para ampliar a segurança nas rodovias. É inadmissível que um local como a balança não seja fiscalizado dessa forma", conclui a parlamentar. O policial foi morto junto à balança da pista ascendente da Anchieta. Tanto a arma da corporação como outra particular foram roubadas.

mlprandi@al.sp.gov.br

alesp