Opinião - O novo Eldorado brasileiro


17/11/2010 18:30

Compartilhar:


O enorme potencial nas jazidas já descobertas na Bacia de Santos coloca a Baixada Santista no epicentro deste novo Eldorado brasileiro. Na verdade, os olhos do mundo se voltam para esta nova fronteira de prospecção daquela que ainda é uma das principais fontes de energia do mundo: o petróleo. Nos campos de Tupi e Iara, as projeções ultrapassam 12 bilhões de barris.

A exploração deste tesouro natural aponta para vultosos investimentos " US$ 33 bilhões apenas por parte da Petrobras " e que irão gerar milhares de empregos. Somente nas três torres, que serão construídas em Santos para abrigar a Unidade de Negócios da estatal, a expectativa é de mais de 12 mil novos postos de trabalho.

Além disso, há toda a infraestrutura para construção e reparo das plataformas, bem como os serviços de retaguarda nas áreas de alimentação, hospedagem, transporte e aluguéis. Um exemplo desse impacto é a estimativa de incremento de R$ 112 milhões, já em 2011, na movimentação do turismo de negócios, conforme avaliação do Santos e Região Convention & Visitors Bureau.

Ao menos três municípios da Baixada " Santos, Guarujá e Itanhaém " serão diretamente impactados pelas operações de exploração de gás e petróleo na Bacia de Santos. A avaliação integra o Estudo e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima) produzidos pela Petrobras e que serão discutidos em audiência pública regional no próximo dia 28 de novembro.

Se nesta avaliação apenas três das nove cidades da região serão diretamente impactadas, na prática a realidade é diversa. De Bertioga a Peruíbe, para o bem e para o mal, haverá consequências deste novo nicho econômico que floresce. Cabe, então, aos governantes e à sociedade preparar nossos municípios para captar da melhor forma possível os bons dividendos da indústria petrolífera.

Esta é uma preocupação já demonstrada pela própria população que teme o crescimento desordenado das cidades da região. Um temor fundamentado nas projeções de crescimento populacional para os próximos anos, fruto do intenso deslocamento de pessoas para cá em busca dos bons empregos gerados pelo segmento de gás e petróleo.

A situação está posta e o que cabe ao Poder Público é correr contra o tempo, planejar o crescimento da Baixada e preparar nossas cidades com a infraestrutura necessária para fazer frente a este novo momento. Estas ações começam com a contenção de ocupações irregulares, passam por melhorias no sistema viário e de transporte coletivo, pelo abastecimento de serviços essenciais como água, esgoto e energia elétrica, chegando às redes de saúde e educação.

Como enfatiza a presidente eleita Dilma Rousseff, o Brasil recebeu de Deus um bilhete premiado rumo ao futuro, que é a Bacia de Santos e seu enorme potencial de gás e petróleo. Cabe-nos aproveitar este prêmio para mudar para melhor a vida de cada brasileiro e brasileira. Nesse sentido, a Baixada Santista deve se organizar para garantir que a exploração dos recursos naturais se transforme em investimentos na melhoria da qualidade de vida aqui.

Vivemos um ciclo de desenvolvimento econômico ainda mais importante do que o proporcionado pelo café na transição entre os séculos 19 e 20. É imprescindível que façamos dele, efetivamente, um passaporte para o futuro. Garantindo às gerações de hoje e do amanhã uma vida mais feliz, socialmente justa, economicamente desenvolvida e plenamente cidadã.



*Maria Lúcia Prandi é educadora, deputada estadual (PT) e cientista política.

alesp