O fascínio pela sucata estimula Victor Brecheret Filho a realizar composições de rigor formal

Emanuel von Lauenstein Massarani
13/03/2003 14:22

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Victor Brecheret Filho se volta para as pedras e para madeira não só para recuperar dos seus acostamentos formais e colorísticos o fantástico de um universo amado, mas para reencontrar e para interrogar a própria alma.

Cada sua escultura é uma viagem retorno à Itaca, à Grécia, à Itália ou às terras brasileiras, com uma saudade homérica do lar, dos afetos, além de reclamar os ecos, as emoções e a feliz condição que permanece em todos nós: a infância na casa paterna.

Os materiais que Victor Brecheret Filho usa são pedras, troncos, madeiras e seixos rolados -- exercem uma influência sobre a abstração e fazem nascer um número crescente de experiências sensoriais e psíquicas. A abstração não constitui, entretanto, sua preocupação essencial. Ao pesquisar as possibilidades do que chamaríamos de matéria morta do mundo inorgânico, o escultor consegue dar vida a seres que possuem movimento próprio através da "assemblage" de seus seixos rolados e de seus troncos.

O artista aprendeu o significado de penetrar até o centro da matéria, ao mesmo tempo que conseguiu discernir como o material, por si próprio, pode ajudar a criar uma forma que é viva no próprio artista e destinada a encontrar o caminho da realização.

Outro interesse de Victor Brecheret Filho se direciona para todo aquele material considerado inservível para a produção de objetos de utilidade prática. A sucata exerce sobre ele um fascínio especial e o estimula à realização de composições que, mesmo sendo de elementos dispares, a elas não faltam rigor formal.

A validade de sua escultura, de temos exemplo em Brancusi, obra doada ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa, não depende tanto de sua temática, mas sim de como ela vem interpretada na própria obra.

O Artista

Victor Brecheret Filho nasceu em São Paulo, no ano de 1942. Formou-se em engenharia civil pela Universidade Mackenzie em 1967 e possui larga experiência em projeto e construção de usinas hidrelétricas e obras hidráulicas. Exerceu importantes cargos, como executivo de empresas estatais e privadas

Desde o ano 2000, é conselheiro e sócio fundador do Instituto Victor Brecheret, destinado a perpetuar a memória e divulgar a obra do grande escultor Victor Brecheret, seu genitor.



Conforme esclarece Cristina Figueiredo, "aos sessenta anos, com sua missão aparentemente cumprida, deu-se enfim o direito de sonhar, viver, sentir a emoção de exprimir todos estes sentimentos de uma nova forma, materializando em esculturas e obras sua visão das questões fundamentais acerca da vida, do universo e das origens".

Como artista plástico realizou, recentemente, exposições em Campos do Jordão, Brasília, São Paulo e Miami (Estados Unidos). Suas obras encontram-se em diversas coleções oficiais e particulares, destacando-se entre elas a da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

alesp