Opinião - Pela valorização da ciência no Brasil


18/04/2011 15:34

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O Brasil vem chamando a atenção de investidores e empresários por causa de sua atual posição de destaque como país em contínuo crescimento, e isso também se aplica a ciência, mas em menor escala. O Brasil passou da terceira para a segunda divisão da produção de conhecimento.

Mas ainda hoje o impacto do trabalho científico de um brasileiro é 37% menor que a média dos de cientistas de países de primeiro mundo, isso segundo uma base de dados montada pela agência americana Reuters. O número de artigos assinados por pesquisadores brasileiros em publicações mundiais de destaque cresceu 84,5% de 2005 a 2009, em comparação a 200/2004. Esse resultado positivo se deve mais recentemente a valorização da produção acadêmica que ocorre no Brasil.

Nos últimos anos os trabalhos de brasileiros também têm recebido mais atenção da comunidade cientifica internacional: as citações feitas por estrangeiros de artigos brasileiros aumentaram 126,4%, e o País saiu do 22º para 19º lugar no ranking das citações.

Entre os nomes em destaque nesta lista é o do Centro de Referência em Química Medicinal para Doença de Chagas da Organização Mundial de Saúde (OMS), que identificou substâncias que poderiam ajudar a criar remédios para os pacientes em estágios mais avançados da doença de Chagas. Além dele, também consta o nome da bioquímica paulista Alicia Kowaltowski, da Universidade de São Paulo (USP), que conseguiu aumentar em 10% o período de vida de camundongos, o que poderia aumentar a expectativasde vida da população em geral.

O que parece é que esta nova geração de cientistas tem conseguido pouco a pouco os obstáculos encontrados em um país que só começou a se preocupar coma as condições de pesquisas científicas recentemente. Mas o Brasil ainda carece de recursos e da união entre as universidades e empresas privadas. No Brasil apenas 25% das pesquisas são financiadas pelo setor privado, já nos EUA esse apoio chega a 80%.

Em comparação com países mais avançados, os impostos altos quase triplicam o valor dos insumos usados em pesquisas. Outra reclamação é a lentidão e a burocracia da Receita Federal e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quando se trata de materiais importados, isso faz com que os produtos fiquem retidos por até seis meses em portos e aeroportos. Muitos são os avanços relacionados à produção científica, mas o país ainda está muito atrasado com relação aos trâmites legais e aos investimentos.

Assim como o país tem se sustentado como potência econômica, é fundamental investir na ciência, e isso não apenas no âmbito das universidades públicas brasileiras, mas também nas instituições privadas. Todos os países chamados desenvolvidos possuem uma estrutura sólida para a pesquisa científica. A produção tecnológica resultante da produção científica traz retornos ao capital investido só que na forma de desenvolvimento, e isso não costuma ser imediato.

O país precisa deixar de ser um mero consumidor de novas tecnologias para se tornar uma nação que desenvolve produtos, processos e técnicas. As universidades têm pessoal capacitado, o que falta é aplicar esse conhecimento científico nos diversos setores.



*Gilmaci Santos é deputado estadual pelo PRB e presidente estadual do partido.

alesp