Projeto cria programa estadual de identificação e tratamento da dislexia


26/01/2005 18:31

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Da assessoria da deputada Maria Lúcia Prandi

A deputada estadual Maria Lúcia Prandi (PT) defende a criação de um programa de identificação e tratamento da dislexia na rede estadual de ensino. A proposta faz parte de um projeto de lei da parlamentar, que tramita desde o primeiro semestre do ano passado na Assembléia Legislativa. Pesquisas realizadas em vários países mostram que cerca de 10 a 15% da população mundial é disléxica.

De acordo com a proposta formulada pela deputada, o Estado deverá formar equipes multidisciplinares para realizar exames em todos os estudantes matriculados na primeira série do Ensino Fundamental da rede estadual. Além disso, alunos transferidos de escolas municipais ou particulares, em qualquer série, também deverão ser submetidos a avaliação.

As equipes multidisciplinares deverão ter, obrigatoriamente, profissionais das áreas de Psicologia, Fonoaudiologia e Psicopedagogia. Outra preocupação é com a capacitação permanente dos professores para identificar os sinais de dislexia e de outros distúrbios do aprendizado nos educandos. "É a partir do que é detectado em sala de aula, que todo atendimento é disparado". Por isso, a necessidade dos professores estarem preparados adequadamente", explica Prandi.

Além de identificar estudantes com dislexia, o programa também deverá disponibilizar o tratamento necessário. Em novembro, durante debate na TV Assembléia, a iniciativa recebeu elogios de especialistas do setor. Participaram do evento a psicóloga Márcia Maria Barreira, especialista em diagnóstico de dislexia e membro da Associação Brasileira de Dislexia; Rosemarie Marqueti de Mello, que é portadora de dislexia e mãe de disléxico, além da fonoaudióloga Clara Brandão Ávila.

Para a deputada Prandi, é muito importante que a proposta vá ao encontro das necessidades daqueles que militam no setor. "Sem esta sintonia, qualquer propositura perde totalmente o sentido. Espero que o projeto possa avançar com rapidez e, brevemente, tornar-se lei", enfatiza a parlamentar, que integra a Comissão Permanente de Educação do Legislativo Paulista.



O que é

Dislexia é derivada de dis = distúrbio e lexia que significa linguagem (grego) ou leitura (latim). É um distúrbio da linguagem e/ou leitura. Talvez por soar como nomenclatura de uma doença, o termo dislexia causa medo especialmente entre os pais que, por falta de informações, muitas vezes acreditam ser o fim do mundo ter um filho disléxico.

Ao contrário do que muitos acreditam, a dislexia não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição sócio-econômica ou baixa inteligência. É uma condição hereditária com alterações genéticas, apresentando ainda mudanças no padrão neurológico.

Por tudo isso, a dislexia deve ser diagnosticada por uma equipe multidisciplinar. Esta avaliação dá condições de um acompanhamento pós-diagnóstico mais efetivo, direcionado às particularidades de cada indivíduo. Identificado o problema de rendimento escolar ou sintomas isolados, que podem ser percebidos na escola ou mesmo em casa, deve-se procurar ajuda especializada.

Quando a dislexia é identificada, começa então, um acompanhamento cujos métodos irão variar de acordo com os diferentes graus do distúrbio (leve, moderado e severo), podendo levar até cinco anos. Descobrir e tratar precocemente o distúrbio são as melhores formas de reduzir as dificuldades no aprendizado da leitura.

"Isto evita problemas no rendimento escolar. Apesar do Poder Público permanecer de olhos fechados para esta realidade, a dislexia está diretamente relacionada à evasão escolar e à sensação de fracasso pessoal", destaca a parlamentar, lembrando que a imensa maioria da rede educacional pública e particular não está capacitada para este desafio.

"Daí a importância de criarmos em nossas escolas um programa efetivo, que capacite professores a identificar estes distúrbios, crie equipes multidisciplinares para realizar uma avaliação precisa e garanta o acompanhamento profissional necessário", conclui a deputada Maria Lúcia Prandi.



Disléxicos famosos

Há uma seleção de disléxicos famosos, que entraram para a história da humanidade como verdadeiros gênios: Charles Darvin, Albert Einstein, Thomas Edison, Leonardo Da Vinci, Michelangelo, Walt Disney, Agatha Christie e Pablo Picasso são alguns deles. O presidente norte-americano Franklin D. Roosevelt e o primeiro-ministro inglês Winston Churchill são outros exemplos de disléxicos famosos. Os atores Tom Cruise e Whoopi Goldberg também têm o distúrbio.

mlprandi@al.sp.gov.br

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