DA REDAÇÃO O procurador geral de Justiça, Luiz Antônio Marrey, visitou o presidente da Assembléia Legislativa, Sidney Beraldo, na tarde desta terça-feira, 1º/4, e afirmou, em entrevista concedida à imprensa, que a lei que permite o uso de armas por guardas municipais fere a Constituição Estadual e por isso o Ministério Público pediu a sua suspensão."É preciso ficar claro que a ação de segurança armada é competência exclusiva da polícia, uma vez que a Constituição restringe a essa corporação o policiamento ostensivo", disse Marrey. "É dever do MP apelar ao Tribunal de Justiça quando uma lei contrasta com o que estabelece a Carta estadual. Segundo o procurador, os vigias de rua não têm preparo para a utilização de armas e acabam tendo essas armas tomadas pelos bandidos. "São vítimas que criam mais intranqüilidade, quando seriam mais úteis manuseando apenas os meios de comunicação para prevenir as autoridades policiais."O Ministério Público, informou o procurador, não discute o mérito, apenas a constitucionalidade. "Mesmo não concordando com o que estabelece uma determinada lei, se ela for constitucional, o MP não pode impugná-la."Segundo Marrey, os seguranças que fizeram curso para utilização de armas e que se julgam capazes para portá-las podem fazer exclusivamente segurança patrimonial, uma vez que não cabe ao MP impedir o porte dentro de propriedades privadas.Cadeia severa e projetos para o MPSobre as sugestões do governador Geraldo Alckmin de aumentar o período de reclusão de presos perigosos, em regime de segurança máxima, de seis meses para um ano, Marrey disse que é preciso seguir o exemplo da Itália e implantar a cadeia severa, onde o preso não tem liberdade dentro do sistema.Antes da coletiva, o procurador esteve reunido com o presidente Sidney Beraldo, o 1.º secretário Emidio de Souza e o 2.º secretário José Caldini Crespo para tratar de dois projetos de lei de interesse do Ministério Público que tramitam na Assembléia. Um deles altera a forma de eleição para o conselho do MP, que atualmente é feita num processo de dez dias e com votos por carta. "Essa forma é anacrônica e inadequada, o ideal é a eleição num único dia com voto em urna." O outro projeto permite a atribuição de processo para a promotoria regional em várias comarcas. "Esse projeto beneficia a questão ambiental, uma vez que as áreas naturais ocupam espaços sem se restringir a comarcas. Um rio pode se estender por vários municípios e um processo referente a ele deve ser distribuído de forma que o promotor responsável atue nas várias comarcas envolvidas."Marrey pediu a apreciação dos projetos com maior agilidade.Afanasio contesta a decisão O deputado Afanasio Jazadji (PFL) criticou a concessão da liminar que considerou inconstitucional lei de sua autoria, que autoriza o uso de armas pelos guardas noturnos. Ele argumenta que a lei, em hipótese alguma, dá liberdade para que esses vigias usem armas, mas determina que eles têm de pedir autorização para o uso à autoridade competente, conforme legislação vigente. Ele declarou que vai pedir à Procuradoria da Assembléia providências para a cassação da liminar. Segundo Afanasio, o guarda noturno não está atuando como um agente público e sim como segurança particular contratado pelos moradores de determinadas localidades. A segurança pública, lembra ele, cabe exclusivamente a policiais.