Opinião - Marola de um milhão de desempregados


26/02/2009 16:40

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Nos anos 70, aprendi no ginásio que o Brasil foi colônia de Portugal. À época, estudava a história do Brasil nos séculos XVI, XVII e XVIII. Foi-nos ensinado que espanhóis e holandeses também saquearam nossas riquezas. Ouro, pedras preciosas e madeiras foram parar na Europa.

E os nossos filhos e netos? O que estudarão, quando se debruçarem sobre os séculos XIX, XX e XXI? Aprenderão que o colonialismo analógico se modernizou, transformando-se em imperialismo digital. Nesse cenário, nações prepotentes romperam as fronteiras na globalização.

Um exemplo clássico e bem acabado desse processo são os Estados Unidos. De certa maneira, eles mantêm colônias por meio de guerras. O problema é que as guerras têm um custo elevadíssimo. Para pagar as despesas, buscam mais colônias, o que gera um círculo vicioso e insustentável. Sem contar o risco de revolta dos "aliados".

Para combater a antiga União Soviética, os EUA treinaram, alimentaram, forneceram armamentos, pagaram e usaram o saudita Osama Bin Laden enquanto lhes interessava. Depois que o inimigo comum se esfacelou, Bin Laden "criou asas" e se tornou inimigo dos norte-americanos.

Da mesma forma aconteceu com o ex-ditador iraquiano Saddam Hussein. Usado para combater o Irã, gastou as armas químicas que recebeu dos EUA. Sim, as famosas e nunca encontradas armas químicas, que foram o pretexto para a invasão do Iraque. O próprio Hamas foi alimentado para enfraquecer o Fatah na Palestina.

Pergunto: o que o Brasil tem a ver com tudo isso? A resposta está nos 500 mil desempregados recentes.

Os Estados Unidos quebraram porque gastam mais do que arrecadam. E arrastam suas colônias para o buraco. E o presidente Lula? Quando colhia frutos do governo anterior, dizia que ele próprio tinha os méritos. Agora, com a crise se aproximando, põe a culpa nos outros. Mas, cadê as reformas?

A Reforma Tributária " que o Brasil precisa urgentemente " não é simplesmente alterar a forma de arrecadação. É, sim, diminuir de fato a carga tributária, reduzindo a sonegação e oxigenando os empresários " os mesmo que ele chamou, certa vez, de vagabundos. Para não falar de outros benefícios, como a geração de empregos e a redução da miséria " e sem precisar dar esmolas.

Por outro lado, cabe reconhecer, lá fora nosso presidente não tem se curvado. O presidente Lula tem sido, sim, ponderado, justo e contundente. Principalmente em questões políticas do Oriente Médio, como o conflito entre Israel e Palestina.

Nossa esperança, agora, é que Barack Obama interrompa esse círculo vicioso. Afinal, combater a fome e as doenças do mundo custa menos do que as guerras " e geram um desenvolvimento sustentável. Mais do que isso: em vez de plantar o ódio com bombas, semeia a paz, que todos nós queremos.

Sim, nós podemos!



*Said Mourad é deputado estadual (PSC)

alesp