OS 103 ANOS DE MATÃO - OPINIÃO

Marquinho Tortorello*
17/08/2001 15:12

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Matão, que comemora 103 anos de emancipação política, tem uma curiosa característica, que a projeta em todo o território nacional. Qual o brasileiro que não gosta de música? Qual o brasileiro que, hoje ou amanhã, não tem registradas na sua memória musical as tão famosas "Saudades de Matão"?

Estou imaginando o sorriso do amigo leitor! Mas é assim mesmo que os brasileiros descobrem essa cidade. O perfil de Matão começa a ser delineado no imaginário da nossa gente pelos acordes de sedutora e emotiva simplicidade.

Outro fato que une Matão aos brasileiros de todos os estados, e este talvez ainda de maior impacto, são as impressionantes imagens que as televisões, revistas e jornais anualmente transmitem, por ocasião da festa de Corpus Christi, contendo lindas e originais expressões artístico-religiosas, de caráter eminentemente popular. A cidade testemunha que sabe cultivar valores, não apenas extrínsecos, mas incorporados à cultura de suas famílias e sobretudo dos jovens.

Estes sentimentos são importantes, brotam da alma de um povo. E as cidades não são feitas unicamente de projetos econômicos. Aliás, quase poderíamos dizer que o progresso econômico é alicerce para o desabrochamento moral e espiritual de uma coletividade.

O que talvez seja preciso recordar é que estes valores não surgem espontaneamente. Eles são fruto de trabalho, de um esforço ao mesmo tempo individual e coletivo. Começam no seio da família, para amadurecerem na solidariedade quotidianamente vivida nas escolas, nos bairros, nas associações, nas igrejas, nas empresas, nos sindicatos...

É verdade que o município de Matão tem, proporcionalmente, quase todos os problemas dos demais municípios paulistas. Mas a ênfase, nesta festa de aniversário, deverá ser para as conquistas alcançadas por seu povo, e o potencial que o impele para um porvir cada vez mais esperançoso.

De fato, aquela vila cercada de densas matas, oriunda da nossa infância republicana, tornou-se irreconhecível em poucas décadas. A agropecuária aos poucos cedeu espaço para uma vocação industrial, como hoje constatamos pelo parque industrial intenso e diversificado: os concentrados cítricos, os implementos agrícolas, a indústria alimentícia, as soldas elétricas, os materiais esportivos, as tintas, etc. A poucos quilômetros de distância, os implantes do pólo aeroespacial, capitaneado pelo dinamismo da Embraer, nacional e internacionalmente vitoriosa, hão de contribuir para projetar Matão num mundo econômico cada vez mais desenvolvido e competitivo. As lideranças políticas e empresariais do município estão empenhadas em se preparar para esta nova realidade.

Não posso terminar esta cordial homenagem ao aniversário de Matão sem acrescentar uma nota pessoal. Minha família possui relação especial com a cidade. Eu mesmo só não nasci em Matão por mera contingência profissional do meu pai, Luiz Tortorello, atual prefeito de São Caetano do Sul. Há muitos anos parte de minha família vive e trabalha em Matão. É normal que tenhamos aprendido muito com os matonenses e alguma contribuição certamente teremos dado para o seu crescimento. Mas para que esta relação vá cada vez mais para além da afeição, do sentimento, a comemoração deste aniversário deve se traduzir num compromisso: que possamos nos unir e somar esforços, ao lado das lideranças políticas, trabalhadoras e estudantis, para o contínuo desenvolvimento da região e o bem-estar das famílias.

* Marquinho Tortorello é advogado, professor, deputado estadual pelo PPS e presidente da Comissão de Esportes e Turismo

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