Parlamentar quer impedir que lodo contaminado termine na lagoa de Carapicuíba


04/02/2004 17:58

Compartilhar:


Da assessoria do deputado Emidio de Souza

O 1º-secretário da Assembléia Legislativa, deputado Emidio de Souza (PT), e o vereador petista Alexandre Pimentel, de Carapicuíba, gravaram depoimentos, nesta terça-feira, 3/2, para a TV Alphaville, às margens da lagoa de Carapicuíba, que continua recebendo material contaminado por metais pesados retirado das obras de alargamento e aprofundamento da calha do rio Tietê. Diariamente, 1.200 caminhões fazem descarga no local.

A entrevista irá ao ar a partir da próxima segunda-feira, 9/2, nos horários das 13 h, 17 h e 23h30, e será exibido durante toda a semana no programa TJ Alpha, apresentado pela jornalista Camila Busnello.

A TV Alphaville gravou a entrevista após a divulgação de laudo preliminar elaborado pelo Instituto de Ciência e Tecnologia em Resíduos e Desenvolvimento Sustentável (ICTR), a pedido do Ministério Público Estadual, que comprovou a presença de metais pesados, como cádmio, chumbo e cromo, além dos pesticidas heptacloro e heptacloro epóxide, agressivos ao meio ambiente e ao ser humano. O laudo é assinado por técnicos da Unicamp e da USP/São Carlos.

Como o Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), por meio de seu superintendente, Ricardo Daruiz Borsari, desclassificou o laudo, acusando-o de ser preliminar, Emidio defendeu a realização de um terceiro estudo, elaborado por instituição particular. "Temos de fazer uma análise criteriosa do material para acabar de vez com essa polêmica", disse.

Em 2002, laudo elaborado por um instituto de Santa Catarina, a pedido do Movimento Grito das Águas, havia constatado a presença de metais pesados no material retirado do rio Tietê e depositado na lagoa de Carapicuíba. Esse laudo foi ignorado tanto pelo Daee quanto pela Cetesb.

"A solução definitiva para o problema é colocar o material contaminado em aterro específico para esse fim, mas o governo não toma essa atitude por economia de recursos, já que deverá transportar para mais longe o lodo", observou o deputado petista.

Segundo Emidio, o próprio superintendente do Daee admitiu, em depoimento no dia 3 de maio do ano passado, à Comissão de Defesa do Meio Ambiente da Assembléia Legislativa, que a economia do Estado, até aquela data, era de R$ 300 milhões, devido à proximidade entre a lagoa e as obras na calha do Tietê.



Histórico

Em novembro de 2002, ambientalistas e políticos da região, entre eles o deputado Emidio de Souza e o vereador Alexandre Pimentel, previram as graves conseqüências de despejar, na lagoa, o lodo do Tietê, que conteria metais pesados. O governo do Estado ignorou o alerta, alegando que o material era considerado livre de poluentes. A partir do dia 6 de maio de 2003, milhares de peixes apareceram mortos na lagoa. A população carente das proximidades consumiu parte desses peixes.

O Ministério Público Federal obteve liminar que proibiu a colocação do lodo na lagoa, mas o governo estadual conseguiu derrubá-la poucos dias depois.

Atendendo pedido da população de Carapicuíba, Emidio de Souza apresentou emenda ao Orçamento de 2004, propondo verba no valor de R$ 1 milhão para a despoluição da lagoa e a criação de um parque no local. A emenda não foi aprovada.



emidio@al.sp.gov.br

alesp