Resgatado com vigor cênico, o expressionismo de Otávio Assad enfoca o ser humano do nosso tempo

Emanuel von Lauenstein Massarani
06/08/2004 14:00

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Assad é um jovem pintor cujo trabalho resulta de uma cuidadosa pesquisa social. A expressão é confiada exclusivamente à intuição e à elaboração da matéria cromática numa arquitetura compositiva livre e ampla. Os seus trabalhos nascem de uma temática única: aquela do ser humano do nosso tempo, em particular do homem obrigado a viver numa cidade como São Paulo, que o condiciona cada dia mais, e a cada dia menos reage, pois se adapta, se despersonaliza, se torna conformista até o limite da alienação.

Nas telas de Assad, todos nos encontramos: seja nos parques, nos campos de futebol, ao volante de carros, mas resignados, sem protestar. O trabalho desse artista, colocando o homem frente a si mesmo, deve ser entendido como um sinal de afeto, de amor e de esperança na humanidade que busca uma própria identidade.

A lição expressionista na obra desse pintor é transparente, resgatada com um vigor cênico e uma boa técnica que não mortificam as suas qualidades cromáticas. Das raízes realistas, a paixão pelo humano e o ressentimento moral, ele constrói visões e movimento, enquanto a harmonia da cor com as formas faz supor longas experiências de aproximação com o real.

A principal qualidade da pintura de Assad é seguir uma estética clara, honesta e exprimir a sua visão dos temas que escolhe mediante formas a ela adequadas, isto é, precisas e de fácil leitura a qualquer observador, como no caso da obra E agora Brasil?, doada ao Acervo Artístico do Parlamento paulista. Isso acontece, pois que sua visão é simples e direta, mesmo que na sua tradição formal ela se apresente elaborada, pela intervenção de uma idéia da fantasia pictórica do artista.

O Artista

O. Assad, pseudônimo artístico de Otávio Orlando Assad, nasceu em São Paulo, em 1969. Começou a pintar aos 16 anos de idade, aprendendo a técnica de pintura a carvão, após o que se dedicou ao pastel e, mais recentemente, à pintura a óleo sobre tela. Foi aluno da professora Lídia Ayoub.

Participou de inúmeras exposições individuais e coletivas, dentre as quais destacam-se: na técnica pastel, V Salão de Artes Armando Vianna, RJ; XXI SAPT - Salão de Artes Plásticas de Taubaté (1989); VI Salão de Artes Plásticas de Arceburgo, MG (1991); VIII Salão de Artes Plásticas de Arceburgo, MG (1993); XXIX Salão da Sociedade Brasileira de Belas-Artes, RJ (1994); com óleo sobre tela, VII Salão de Arte de Pinheiros, da Associação Comercial de São Paulo (1994); X Salão de Artes Plásticas de Arceburgo, MG (1995); XI Salão de Artes Plásticas de Arceburgo, MG; VII Prêmio Paleta de Ouro de Artes Plásticas, SP (1996); VIII Prêmio Paleta de Ouro de Artes Plásticas, SP (1997); III Salão Brasil Nova Era de Artes Plásticas, SP (1998); Espaço Coletivo de Artes Plásticas do Clube Atlético Monte Líbano, SP (2002); no Espaço Coletivo de Artes Plásticas do Clube Atlético Monte Líbano, SP (2003); Espaço Coletivo de Artes Plásticas de Clube Atlético Monte Líbano, SP (2004).

Recebeu inúmeros prêmios, menções honrosas, medalhas de bronze, por sua participação nos diversos salões e exposições, e foi selecionado para o Catálogo brasileiro de artes plásticas (1997) e para o 11º Anuário de Artes de Júlio Louzada (1999).

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