Palestrantes afirmam que sociedade deve se unir para tratar do dependente químico


26/06/2002 20:45

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DA REDAÇÃO

O seminário que debateu os problemas causados pelo uso de drogas, tabaco e álcool, iniciado na manhã desta quarta-feira, 26/6, discutiu no período da tarde a Redução de Danos aos usuários de drogas que, entre outros métodos, substituíram a droga utilizada por outra "mais leve".

O professor doutor Cláudio Jerônimo da Silva, da Universidade Federal do Estado de São Paulo, afirmou que a união da sociedade é imprescindível para se tratar do dependente químico. "Como médico e pesquisador, acredito que haja condições de se tratar do dependente. Para isso, é necessário que cientistas, advogados, professores e pessoas comuns vençam a prepotência e o egoísmo, inclusive para esclarecermos os riscos que os filhos da nossa nação correm."

Em sua explanação, Fábio Mesquita, professor doutor em saúde pública, declarou que em torno do tráfico de drogas circulam por ano 500 bilhões de dólares. "O mercado financeiro tem lucro expressivo com o tráfico." O professor lembrou que os fornecedores de armas vendem para os traficantes e para a polícia. "Além disso, países como Bolívia, Colômbia e Estados Unidos basicamente vivem da produção da droga." De acordo com dados da Organização das Nações Unidas, os Estados Unidos são os maiores consumidores de drogas ilícitas no mundo "e os atravessadores americanos são os que mais enriquecem com esse comércio".

"Dentre as dificuldades que enfrentamos para tratar da questão da droga, temos a falta de uma política específica; o fracasso nas estratégias de tratamento - sobretudo quando utilizada a abstinência química -; e a ausência de respostas do setor de saúde, entre elas a criação de espaços seguros para o consumo da droga, com fornecimento de seringas, agulhas e orientação", declarou Mesquita, que também enumerou algumas das conseqüências pelo uso de drogas: dependência química, acidentes de carro e no trabalho, AIDS, hepatite, patologia mental, overdose, sífilis, malária, desnutrição e outras.

Os palestrantes afirmaram que o usuário de droga não é um ser passivo, por isso ele pode e deve participar de decisões e, inclusive, transformar-se em um agente de saúde.

Em 2001 foram elaborados 100 projetos de lei sobre a redução de danos pelo uso de drogas e, pela primeira vez no país, o governo federal lançou um Plano Nacional de Drogas, que discute a liberação do uso da maconha para os pacientes em fase terminal. Em 2002, o governo promulgou a Lei de Drogas, que aguarda regulamentação.

O seminário terá continuidade nesta quinta-feira, 27/6, quando será anunciado o decreto de criação do Centro de Referência de Álcool, Tabaco e outras drogas, e do Programa Estadual de Atenção Comunitária ao Usuário de Álcool, Tabaco e outras drogas, com a provável participação do governador Geraldo Alckmin e do secretário da Saúde, José da Silva Guedes.

alesp