Audiência pública debaterá Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa


23/11/2005 19:12

Compartilhar:


Uma audiência pública na Assembléia Legislativa de São Paulo vai colocar em debate na próxima quinta-feira, 24/11, a partir das 10h, no Plenário Tiradentes, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa, previsto para ser lançado no início de dezembro.

Entidades médicas, como a Sociedade Paulista de Oncologia Clínica, Sociedade Brasileira de Cardiologia, além da Aliança de ONG"s Rede Tabaco Zero (RTZ), IDEC " Instituto de Defesa do Consumidor, Núcleo de Apoio ao Paciente com Câncer (Napacan) e União e Apoio no Combate ao Câncer de Mama (UNACCAM), entre outras, contestam a legitimidade dos critérios do processo que permitirá que empresas produtoras de tabaco, álcool e armas participem do índice, como pertencendo ao segmento ético responsável.

Na ocasião, a Rede Tabaco Zero, composta por organizações da sociedade civil, ativistas e pessoas interessadas em coibir a expansão da epidemia tabagista, lançará o dossiê Responsabilidade Social Empresarial: a nova face da indústria do tabaco.

O documento foi elaborado por meio de entrevistas e pesquisas feitas em 2004 e 2005 e analisa a relação do tema RSE com a indústria do tabaco, criticando a falta de debate sobre ética, o que necessariamente deveria anteceder a qualquer conceito de RSE.

"Ao invés de uma discussão ampla, as tabageiras pautam o debate ativamente e caminham no sentindo de convencer a sociedade, ONGs, institutos de referência no tema, entre outros, de que não há nenhum problema em relacionar RSE com a fabricação e comercialização de um produto que provoca adoecimento, morte e uma série de impactos sociais, ambientais e econômicos", diz Corrêa. No dossiê, foram ouvidos os principais institutos de referência em RSE, a Souza Cruz e o Instituto Souza Cruz, entre outros.

O Índice de Sustentabilidade Empresarial será o índice de Responsabilidade Social da Bovespa, principal referência para a seleção de papéis de primeira linha. O indicador está sendo elaborado por um conselho deliberativo composto por nove instituições, entre elas a International Finance Corporation (IFC), subsidiária do Banco Mundial. O modelo de análise foi preparado pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade (CES) da Fundação Getúlio Vargas.

O Instituto Brasileiro de Análise Sócio-econômica (Ibase) fazia parte do conselho deliberativo e defendia a opinião de que empresas de tabaco, álcool e armas não deveriam integrar o índice. O instituto acabou sendo voz vencida. Em abril, após visita feita por representantes desses setores aos integrantes do conselho deliberativo, este decidiu, por votação, que todas as empresas listadas em Bolsa serão avaliadas segundo os mesmos critérios de sustentabilidade, não havendo, portanto, exclusão prévia de nenhum setor econômico. O Ibase saiu, como prometera.

As entidades médicas e ONG"s também compreendem que empresas de produtos que trazem risco à saúde e à vida não podem ser detentoras do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE). No caso específico do fumo, vale registrar que a Organização Mundial da Saúde estima que 5 milhões de pessoas morrerão em 2005 por causa do tabagismo. Os produtos derivados de tabaco matam cerca de 200 mil brasileiros a cada ano.

Os danos ambientais também são grandes. Segundo a OMS, a cada ano cerca de 200 mil hectares de matas e florestas são destruídos no mundo para dar lugar a plantações de tabaco, além das árvores nativas que são cortadas para a cura da folha.

O debate na Assembléia Legislativa de São Paulo é uma iniciativa da deputada Rosmary Corrêa e objetiva chamar a atenção da mídia e da imprensa para esse escândalo que cerca o ISE da Bovespa. Estão convidados representantes do INCA, Ministério da Saúde, OPAS, Ibase, Ethos, Bovespa, Souza Cruz, Akatu, GIFE, FGV-CES, Secretaria do Estado da Saúde, Secretaria do Verde e Meio Ambiente, IDEC, ADESF, entre outros.

delrose@al.sp.gov.br

alesp