"O Brasil começa a mudar"

OPINIÃO - Hamilton Pereira*
16/04/2003 18:48

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Em cem dias do governo Lula, o Brasil já começa a mudar. Há quem insista em dizer que não; justamente esses que ficaram no poder por décadas e não fizeram absolutamente nada para mudar a situação do nosso país.

Alguns setores da mídia querem passar para a população a idéia do continuísmo. Há cerca de seis meses, a idéia que esses mesmos setores tentavam passar era a de que, com a vitória do Lula, o Brasil viraria uma Argentina, uma Venezuela, tornando-se um caos. Pois bem, cem dias de governo se passaram e o que vemos não é nada daquilo que eles previam.

A atuação firme do governo Lula perante à crise da Venezuela e à iniciativa de propor a criação do "Grupo de Amigos da Venezuela", para negociação de uma conciliação entre chavistas e anti-chavistas, foi uma ousadia para o início de um governo. Em sua primeira visita oficial como presidente, Lula da Silva foi à Argentina, quando se mostrou solidário ao país exibindo otimismo com relação à sua recuperação, demonstrando que a crise da Argentina não interessava a ninguém. A presença de Lula no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, e no Fórum Econômico Mundial, em Davos, revelou-se um acerto. A repercussão internacional do discurso do presidente na Suíça indicou para o mundo que é possível que o Brasil tenha um papel mais ativo no cenário mundial. Destaca-se também a posição firme do presidente Lula sobre o conflito do Iraque, declarando não ser através da guerra, mas, sim, através do diálogo e da negociação pacífica, que se chega a uma solução.

O Brasil também está criando as condições necessárias para mudar a economia. Com coragem e determinação, o governo tem tomado medidas duras, mas necessárias para que Brasil possa ingressar num novo ciclo de crescimento econômico, geração de emprego, estabilidade econômica e distribuição de renda. O risco Brasil caiu mais de 50%, atingindo hoje em torno de 900 pontos. Isso significa o retorno de créditos e investimentos internacionais. O dólar, que no início do governo Lula beirava a casa dos R$ 4,00 hoje gira em torno de R$ 3,20. A desvalorização cambial e a contenção do crescimento, apesar de seus impactos indesejáveis, propiciaram uma melhora excepcional das nossas contas externas. O principal resultado positivo foi o forte crescimento do superávit da balança comercial, que alcançou U$ 13 bilhões no ano passado e deverá ultrapassar U$ 15 bilhões em 2003. O controle e a conseqüente queda da inflação representam uma guerra absolutamente necessária. A inflação elevada deteriora o valor de compra dos salários, atingindo, principalmente, os assalariados de baixa renda. Um cenário desses acaba se traduzindo num ambiente econômico de incerteza e instabilidade, desfavorável ao investimento produtivo e, portanto, ao desenvolvimento.

As reformas da previdência e tributária serão fundamentais para a retomada do crescimento econômico. O amplo debate que vem sendo promovido pelo governo acerca das reformas e o desejo de vê-las aprovadas ainda no primeiro semestre desse ano é demonstração clara de vontade política e de responsabilidade em ouvir a sociedade para enviar ao Congresso uma proposta madura. Ouvir a sociedade não é substituir o Congresso como alguns entendem, mas é inaugurar um novo modo de fazer política no Brasil. É importante lembrar que outras reformas também são necessárias para estabilizar a economia e criar condições de crescimento econômico e geração de empregos.

O governo inaugurou um modelo diferente de relação na articulação política tanto com o Congresso como com o Senado. Passados apenas cem dias de Governo, o presidente Lula já mostrou que mudou a relação do governo federal também com os governadores e prefeitos.

Na área social, lançou o Fome Zero, maior projeto social que esse país já teve e, por mais que alguns critiquem, não tenho dúvidas de que ele é imprescindível para acabar com a fome no Brasil e dará certo. Outros projetos também estão sendo lançados.

Através de compromissos assumidos com os prefeitos, o governo definiu um investimento de R$ 5,3 bilhões para a área da habitação e mais de R$ 1 bilhão para a área de saneamento básico. Na Segurança Pública, o governo Lula demonstrou iniciativa e agilidade com suas ações na luta contra o tráfico no Rio de Janeiro. Já está trabalhando para a modernização e o aparelhamento da Polícia Federal, para a integração dos órgãos federais no combate ao crime organizado e à lavagem de dinheiro, e já está encaminhando a construção de presídios federais de segurança máxima. O governo também está agilizando a elaboração de um plano nacional de segurança pública junto com os Estados, buscando ser ativo, eficaz e permanente, capaz de superar promessas declaratórias dos planos dos governos anteriores, que só apareciam nos momentos de crises agudas de segurança.

O aumento do salário mínimo, que deveria ser estabelecido em R$ 211,00 segundo a proposta do governo anterior, elevou o salário de R$ 200,00 para R$ 240,00. Como bem disse o Presidente Lula, ele próprio gostaria de dar um aumento maior, mas, para o momento, era o que o governo poderia cumprir. Contudo, Lula também fez questão de frisar que não deixa de lado o compromisso de dobrar o valor do salário mínimo durante os quatro anos de sua gestão.

O Brasil está começando a mudar, contrariando aqueles que achavam que com a vitória de Lula, o País viveria uma crise de desgoverno. Lula deu mostras da responsabilidade de seu governo já no processo de transição e suas ações só vêm comprovar isto. Como deputado do Partido dos Trabalhadores estarei ao lado de Lula, ajudando a construir um País mais justo para todos os brasileiros.



* Alguns tópicos deste artigo estão na resolução do Diretório Nacional, aprovado na última reunião ocorrida em março de 2003.



Hamilton Pereira é deputado estadual pelo PT

alesp