Pedágios têm apenas função arrecadatória


03/11/2009 17:57

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Em um momento em que o mundo inteiro se depara com uma grave crise financeira, o governo federal, para que muitos trabalhadores continuassem empregados, incentivou a indústria automobilística e possibilitou a realização do sonho de muitos brasileiros de adquirir o automóvel tão desejado. Na contramão dos fatos, os pedágios em nossas rodovias estaduais crescem de forma aguda, em número e valor.

Na Região Metropolitana de Campinas, nossa região, a instalação de mais quatro praças de pedágio parece obedecer apenas ao critério arrecadatório e não o da segurança e manutenção das rodovias. A maior beneficiária será a empresa exploradora da rodovia e não os usuários, em geral trabalhadores e estudantes, que deixarão boa parte do ordenado mensal nas cancelas.

Pior ainda é a situação das cidades que vivem da agricultura e sofrem com a falta de recursos orçamentários, como é o caso de Cosmópolis, Artur Nogueira e Engenheiro Coelho. Todas elas ficarão ilhadas pelos pedágios e o direito constitucional de ir e vir da nossa gente trabalhadora ficará limitado.

Não podemos permitir que sejam instaladas mais quatro praças numa região que já conta com outras sete. A atual política do Estado de São Paulo, que foi capaz de conceder para a iniciativa privada uma obra tão importante como é o corredor Dom Pedro I, uma obra que foi construída com o suor de nosso trabalho, não pode continuar. De Campinas até Jacareí, uma viagem que hoje custa R$ 9,00, teremos um aumento de 77,7% na tarifação e o valor saltará para R$ 16,00.

Na nossa rodovia SP-332, que liga Campinas a Conchal e abriga ao longo de seus 81 km de extensão as cidades de Paulínia, Cosmópolis, Artur Nogueira e Engenheiro Coelho, sofreu dores de parto para ser duplicada. É nela que está a maior refinaria de petróleo do país, a Replan, que responde sozinha por 78% das arrecadações de impostos no município de Paulínia.

É nela que a concessionária quer instalar três novos pontos de cobrança, sendo dois deles a menos de cinco quilômetros de distância um do outro no valor de R$ 7,20 (sentido único) em uma delas localizada em Paulínia, e R$ 5,30 (bidirecional). A terceira praça da rodovia, também bidirecional, será instalada em Engenheiro Coelho, onde também será cobrado o valor de R$ 5,30.

É preciso dar parabéns ao movimento contra a política de abuso de pedágios no Estado de São Paulo, que cada vez mais está mobilizando a sociedade para que o governador reveja essa questão, tão importante para nosso povo trabalhador. Temos que fazer valer as vozes e os anseios dos mais de mil trabalhadores que, no dia 14 de agosto, pararam por quase três horas as duas pistas da SP-332 em ato de repúdio à decisão arbitrária do governo do Estado.

Tudo que é demais sobra! Chega de pedágio. Chega de abuso. É necessário que nos manifestemos pelo nosso direito de ir e vir para estudar, trabalhar, ter acesso à saúde e cultura, numa rodovia que muito contribui com o desenvolvimento do nosso Estado e com o fortalecimento de nossa região.

*Ana Perugini é deputada estadual pelo PT.

alesp