Saúde Pública e Reflexão

OPINIÃO - Luís Carlos Gondim*
09/04/2003 18:46

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Na última segunda-feira, 7 de abril, o mundo comemorou o Dia Internacional da Saúde. No Brasil, entre avanços tecnológicos e científicos, há a brecha lamentável da dificuldade sofrida por grande parte da população, notadamente aquela que forçosamente serve ao Sistema Único de Saúde. Filas enormes, macas nos corredores, tempo de espera excessivo e desumano, para que o cidadão consiga marcar uma única consulta. Mas a doença não espera , e a prevenção, precária muitas vezes, fomenta seu crescimento e imprime o carimbo da ineficiência em muitos casos sob a esfera do poder público. O que se vê no Brasil é um triste hiato, que separa a parcela mais humilde da sociedade de um atendimento mais humano, voltado às necessidades prementes daquele ou daquela que depende das verbas do SUS para se manter vivo. Há algo aberrante, principalmente aos olhos de quem conhece um pouco do mundo da saúde pública; as unidades básicas, geridas pelos municípios, não têm feito, no mais das vezes, o atendimento para o qual foram criadas e equipadas. A prevenção de doenças, por exemplo na esfera da ginecologia e obstetrícia, é jogada às raias do desdém. É por isso que o câncer de mama, e o câncer do colo do útero, ainda têm grande incidência, muito embora, as campanhas publicitárias empreendidas pelo poder público tenham sido nos últimos anos, sob a ótica da comunicação, adequadas e eficazes. Em suma, algo de errado vem ocorrendo nas unidades básicas de saúde em grande parte dos municípios. Há de se perguntar, se a verba enviada pelo SUS é insuficiente ou se é mal aplicada. Faltam medicamentos nos postos, remédios que deveriam estar à disposição da população rareiam nas prateleiras do poder público. Algo precisa ser feito, e com urgência, para que esse quadro terrível seja alterado. Mas há de se registrar o empenho político-administrativo do governo do Estado, que a partir do comando do governador Geraldo Alckmin reforma e amplia hospitais estratégicos, aumenta o número de leitos disponíveis, e procura investir maciçamente na melhora progressiva da saúde pública paulista. No Dia Internacional da Saúde, foi preciso antes de tudo ser realista para depois reconhecer avanços e sair em busca do respeito à Constituição Federal, assim como à Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, no que se refere ao direito à saúde como um de seus princípios basilares.

Luís Carlos Gondim é deputado estadual e vice-líder do PTB na Assembléia Legislativa

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