Vacine-se!

Opinião
19/04/2005 17:55

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A partir do próximo dia 25/4, idosos de todo o país poderão vacinar-se gratuitamente contra a gripe. Cidadãos com mais de 60 anos de idade têm esse direito, do qual não devem abrir mão. Estudo recente, publicado na revista de Saúde Pública da USP, revela que, em São Paulo, logo após o início das campanhas anuais de vacinação, em 1999, o número de óbitos entre idosos caiu.

Em passado recente, apenas as pessoas de melhor poder aquisitivo tinham acesso à vacina, em clínicas particulares. Hoje, o benefício está universalizado. Não se discute seu alcance social. De acordo com as estimativas disponíveis, ele tem evitado que milhares de pessoas sejam internados anualmente nos hospitais públicos, em decorrência da gripe e da pneumonia.

Muita gente, porém, ignora que a campanha nacional de vacinação de idosos começou a ser delineada em 1996, na Assembléia Legislativa de São Paulo. Naquele ano, apresentei possivelmente o primeiro projeto de lei tornando obrigatória a campanha de vacinação de idosos. Em função da boa repercussão, projetos semelhantes foram sendo apresentados em câmaras municipais e assembléias legislativas do país, criando um clima favorável para que o governo federal encampasse a idéia. No dia 24 de junho de 1998, o governador Mário Covas sancionou a lei 10.003, de minha autoria.

O que me leva a escrever estas linhas não é a vaidade, mas a satisfação de ter podido, como deputado, contribuir para mitigar o sofrimento de tantos brasileiros. É mais que certo que a esmagadora maioria dos nossos idosos não tem condições financeiras para se valer dos serviços de clínicas particulares. O pouco que eles ganham " e muitos ganham quase nada " é destinado à manutenção de seus lares. Segundo dados do IBGE, 44% dos idosos que vivem no país são responsáveis por mais de 50% da renda do domicílio em que moram.

Iniciativas, como essa, dão certeza absoluta de que o Parlamento, desde que aja com seriedade e objetividade, pode " e muito " contribuir para a implantação de políticas públicas relevantes.

Não é de hoje que insisto na tese de que devemos nos preocupar menos com a quantidade de projetos apresentados e aprovados e mais com a qualidade das propostas. Para tanto, é necessário deixar de lado as vaidades tolas e as birras idem, que atravancam a discussão de matérias importantes. É preciso mais: que o Parlamento tenha objetividade no trato das questões de interesse público, pois estas devem estar acima de quaisquer outras, inclusive as de caráter eleitoral.

Milton Flávio (PSDB-SP) é deputado estadual e professor de Urologia da Faculdade de Medicina da Unesp (Botucatu)

miltonflavio@al.sp.gov.br

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