Opinião - São Paulo precisa de um plano contra a violência


31/10/2011 16:46

Compartilhar:


Neste ano, até o final de setembro, 212 pessoas foram mortas no Estado de São Paulo após serem atacadas por assaltantes. No mesmo período do ano passado, 203 pessoas foram vítimas de latrocínio, roubo seguido de morte. Portanto, em 2011, o número de vítimas aumentou 4,43% em relação ao período janeiro-setembro do ano passado.

Agosto foi o mês mais violento, quando 369 pessoas foram assassinadas no Estado de São Paulo. Foram 10,48% mais homicídios do que em 2010, quando 334 pessoas foram vitimadas. Só na capital, foram 104 crimes contra 84 em agosto do ano passado. Na verdade, a cidade de São Paulo teve 109 mortes por homicídio em agosto, porque os casos com mais de uma morte são registrados como apenas uma ocorrência.

Os dados são da Secretaria da Segurança Pública (SSP) e mostram que também houve crescimento dos crimes de furto (4,67%), roubo (9,23%), furto de veículos (4,12%) e roubo de veículos (20,79%). O relatório aponta, ainda, alta de 7,3% nos casos de latrocínio (roubos seguidos de morte) entre janeiro e agosto de 2011, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Embora o governador Geraldo Alckmin tenha relativizado a importância da notícia, argumentando que o crescimento da violência é pontual, pois a série histórica mostra redução da criminalidade, não podemos nos furtar ao debate sobre a questão.

Por sinal, havíamos alertado para o problema da segurança pública em São Paulo em agosto, quando parte da imprensa paulista pautou o debate em torno da possibilidade de volta da Corregedoria da Polícia Civil ao comando da instituição.

Na ocasião, alertei que o mais importante era debater a política de segurança pública desenvolvida pelo governo de São Paulo. Ressaltei que a forma como o Executivo paulista trata as questões relativas ao cotidiano da população residente no Estado mais rico da federação é que deveria consumir as nossas energias reflexivas.

Deixei clara a posição da bancada do PT favorável à existência de uma corregedoria autônoma, fortalecida, capaz de apurar todas as denúncias contra os maus policiais. Contudo, observei que isso não significa a existência de uma eficiente política de segurança pública.

Ressaltei que resumir o debate sobre segurança ao caráter da corregedoria seria, no mínimo, lançar uma cortina de fumaça sobre as deficiências na área. Não por acaso, questionei a não elaboração de um plano de segurança pública que integre as ações das polícias de São Paulo, que enfrente o grave problema de pulverização de aparatos policiais que crescem com as guardas municipais, inclusive como resposta para a ineficiência do Estado.

Instiguei a imprensa a questionar o governo paulista sobre um plano estadual que integre as demais secretarias do governo nas medidas preventivas à criminalidade, que trate o tema da ressocialização como política pública de combate ao ciclo vicioso do crime e que valorize os bons policiais com pagamentos de salários justos e com planos de carreiras que sinalizem para o futuro.

O recrudescimento da criminalidade, com letalidade maior em bairros carentes da capital paulista, é uma triste e cruel evidência de que os números, apresentados pela própria SSP, depõem contra os frágeis argumentos do governo. São Paulo precisa, urgente, de um plano de segurança pública que proteja, de fato, seus cidadãos e cidadãs. Pensar o oposto é uma aposta de roleta russa.

*Edinho Silva é deputado, presidente do PT do Estado de São Paulo e ex-prefeito de Araraquara (2001-2008).



"Agosto foi o mês mais violento, quando 369 pessoas foram assassinadas no Estado de São Paulo"

alesp