Opinião - Rede Cegonha vem para mudar paradigma


05/04/2011 17:45

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Mais um importante programa voltado à saúde foi lançado na última semana pela presidenta Dilma Rousseff. É o Rede Cegonha, destinado a atender gestantes e seus bebês.

Ao lançar o programa em Belo Horizonte, a presidenta disse que a desigualdade social na área da saúde é muito perversa e que o governo vai lutar para mudar essa situação.

A presidenta também lembrou do compromisso assumido, na campanha eleitoral, de melhorar o Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo ela, transformar o SUS num sistema de alta qualidade é o maior desafio para o governo. "Não tem um lugar onde a desigualdade é mais perversa do que na área de saúde. É um desafio e estamos aqui para enfrentar desafios", afirmou.

De nossa parte, estamos confiantes no êxito do Rede Cegonha. O governo prevê investir R$ 9 bilhões no programa até 2014. O objetivo é ampliar a rede de assistência às gestantes e aos bebês e, com isso, reduzir a mortalidade infantil e materna.

O Rede Cegonha vai atuar de forma integrada com os estados e municípios, por meio do SUS. O programa vai repassar recursos às unidades de saúde para testes rápidos de gravidez.

Outro benefício será a oferta de vale-transporte para que a gestante possa comparecer às consultas de pré-natal e exames. As futuras mamães que forem a todas as consultas terão direito a um vale-táxi para se deslocar até a maternidade, quando for dar à luz.

O Rede Cegonha também tem como meta aumentar de quatro para seis o número de consultas recomendadas às gestantes. Segundo o Ministério da Saúde, hoje, quase 90% das mulheres brasileiras fazem as quatro consultas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde. Nossa experiência na Prefeitura de Araraquara mostra que a ampliação do número de consultas pré-natal é de suma importância para melhorar a qualidade da gestação e reduzir a mortalidade, tanto de mães quanto de bebês. Na prefeitura, conseguimos atingir uma média de nove consultas pré-natal, o que permitiu reduzir para menos de 10 as mortes de recém-nascidos no município em 2007. Com o novo programa do Ministério da Saúde, o governo pretende garantir que 100% das grávidas façam ultrassom. Hoje, o SUS recomenda 20 tipos de exames às gestantes, mas só uma parte delas faz a ultrassonografia. O Rede Cegonha vai oferecer, ainda, outros nove tipos de exames complementares em caso de gravidez de risco.

Por meio do programa, a gestante também vai poder conhecer, antes do parto, a maternidade em que terá o bebê. Para os casos de gravidez de alto risco, serão criadas casas da gestante e do bebê. Essas unidades vão receber mulheres que necessitam de observação, mas que não precisam ser internadas.

O programa é, sem dúvida, uma quebra de paradigma na questão da saúde da gestante no Brasil. A partir dele, a mulher se sentirá muito mais segura durante a gestação e, consequentemente, sofrerá bem menos estresse na hora do parto. Bom para ela, bom para o bebê.

A criança, por sinal, também terá assistência direta do programa. Nos dois primeiros anos de vida do bebê, o Rede Cegonha vai acompanhar seu desenvolvimento, além de promover campanhas em favor do aleitamento materno e de incentivo ao parto normal.

As regiões metropolitanas com maior número de gestantes, o Nordeste e a Amazônia, regiões nas quais os índices de mortalidade infantil são os mais elevados do país, serão as primeiras a receber unidades do programa. Depois, o Rede Cegonha começará a se espalhar pelas outras regiões do Brasil.

A iniciativa da presidenta Dilma dá mostras que o seu governo se preocupará muito com o desenvolvimento social, como fez o presidente Lula, mas com a peculiaridade da sensibilidade da mulher, da mãe, que sabe dos sofrimentos vivenciados com a ausência de políticas públicas específicas.



*Edinho Silva é deputado estadual, presidente do PT no Estado e ex-prefeito de Araraquara (2001-2008).

alesp