Cabeças ao vento


17/05/2005 18:41

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A apreensão da cápsula do vento (ou do medo) dentro do centro acadêmico de uma grande universidade particular em São Paulo evidencia um problema que muita gente teima em não enxergar. A facilidade com que nossa juventude tem acesso às drogas é gritante. Foi-se o tempo em que os usuários de entorpecentes precisavam se arriscar em bocas de fumo, geralmente disfarçadas em locais de difícil acesso.

Já faz um bom tempo que as drogas estão dentro das escolas. São oferecidas à luz do dia nas instituições de ensino, sem que as pessoas de bem se dignem a denunciar ou a agir. Preferem a omissão. A velocidade com que se propagam os cursos superiores, tão questionáveis do ponto de vista educacional, acaba trazendo um risco ainda maior à sociedade, principalmente para a classe média.

São faculdades e universidades emergentes que atraem um público perfeito para os traficantes, que infelizmente não cansam de apresentar novas drogas sintéticas que prometem um mundo de alegria passageira, mas arrasam os usuários e as suas famílias. É uma pena, mas algumas festas de música eletrônica acabam caindo na armadilha de fazer propaganda implícita à necessidade de consumo destas pílulas "milagrosas".

Pobre geração, que muitas vezes cai na conversa dos traficantes, comprovadamente transitando livremente pelos corredores das universidades e centros acadêmicos " locais de discussões sérias num passado recente.

É lamentável ainda que a indústria do tráfico esteja vencendo as autoridades competentes. Por mais que os setores de inteligência das polícias tentem caminhar à frente, a propagação das drogas é evidente. Afinal, ninguém em sã consciência pode querer acreditar que a apreensão de drogas em um centro acadêmico seja um caso isolado, principalmente em instituições voltadas apenas para o lucro em detrimento de uma formação humanista.

Mais uma vez, a sociedade precisa se manifestar. Não é possível ficar esperando apenas a ação do poder de polícia. As direções das principais instituições de ensino devem criar mecanismos para barrar a ação destes aproveitadores. Felizmente, estamos cheios de (bons) exemplos nos quais os trabalhos sociais inibem as ações dos traficantes, ajudam à comunidade e valorizam os alunos. É fundamental também uma ação policial ainda mais intensa e, acima de tudo, eficiente.



* Romeu Tuma é deputado estadual pelo PMDB e presidente da Comissão de Defesa dos Direitos do Consumidor e membro da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa de São Paulo.

alesp