Opinião - Governos de coalizão geram colisão

Em nome dessa tal governabilidade, rasga-se o plano de governo e se esquece do que foi dito
14/02/2012 17:51

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Os atuais modelos de governo vistos, hoje, no Brasil mostram a fragilidade do governante, ou do ainda postulante ao cargo que, preso a uma complexa teia de acordos políticos e a um emaranhado de partidos sem homogeneidade ideológica, se vê cada vez mais distante da população, sem conseguir chegar até ela através de seus méritos próprios.

Sou entusiasta do modelo de política constitucionalista onde "todo o poder emana do povo" e que reflete exatamente minha crença de que o aspirante a qualquer cargo público, antes de fazer acordos com a classe política, tem que estar em sintonia com os anseios da população a qual representará.

Por outro lado, sei que sozinho ou com um grupo menor é muito mais difícil criar a ressonância de nossos propósitos e, também, a defesa de nossos ideais, mas volto a exaltar o poder que emana do povo, pois quando estamos em sintonia com ele nossas ideias são compreendidas, representadas, ecoadas e propagadas e, muito mais importante do que isto tudo, defendidas pela população que passa também a acreditar que esse é o melhor caminho para resolver os problemas da cidade, do Estado e do país.

É por isso que critico os atuais modelos de compartilhamento do poder, de "loteamento político", que tanto comprometem a forma de governar e ofuscam os ideais coletivos pelos quais lutamos. Esse tal modelo de coalizão criado pelos últimos governos mostra-se cada dia mais ineficaz e, de uma forma nefasta, destrói a esperança do povo que elege seus representantes para que eles respondam pelos seus atos e de seu governo, sem se esquecer dos compromissos morais e éticos que juraram ao povo antes de serem eleitos, o que infelizmente vem acontecendo quando surgem os problemas e, em nome dessa tal "governabilidade" ou do tal compromisso de "coalizão", rasga-se o plano de governo e se esquece do que foi dito. Esta é a grande "colisão" dos interesses públicos!

Dessa forma, acredito que somente o projeto de governo genuíno e amplamente debatido com a população, que conduziu a pessoa pública ao poder, é o projeto que vale para o povo, que não pode ser mais obrigado a assistir a descaracterização desse programa e engolir goela abaixo os acordos subterrâneos da política, quando sua grande "arma", que é o voto, só poderá ser usada de novo após quatro anos.



*Vanessa Damo é deputada estadual pelo PMDB na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

alesp