O mimetismo revelador da imagem abstrata de Leonel Barreto

Emanuel von Lauenstein Massarani
11/11/2002 16:42

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Entre o aparente choque caótico de "situações contrastantes", Leonel Barreto faz emergir em sua obra uma estrutura ritmada constituída de algumas coordenadas dominantes e condicionantes. Frente a sua pintura temos a sensação de que o artista exercitou um esforço instintivo para dominar uma explosão ou uma confusão informal.

As experiências do barroco, do expressionismo, do futurismo e do informal foram por ele aprofundadas e interiorizadas, conforme a necessidade de traçar uma estrutura de base que coordena toda a sua composição.

Ao exprimir-se, Leonel Barreto parte ou alcança a determinação de um ideal centrado numa espécie de paginação da obra. Paralelamente, estratifica os planos sucessivos, muitas vezes cruzados, onde obtém a espessura da imagem e sua dispersão num espaço profundo e articulado. Aliás, a própria imagem é o espaço, o que vem simbolicamente explícito em suas obras.

Dessas considerações fica claro - nos parece - que a sua invenção é sempre dominada por uma profunda exigência arquitetônica, musa secreta de seu trabalho artístico. Dentro do entrelaçar da massa desses vãos arquitetônicos, onde age o pintor, ele alcança as linhas de tensão, simultaneamente às coordenadas estáticas que regem e salvam a situação.

É na imagem abstrata, sem outros elementos, que tudo isso traduz um mimetismo revelador de seu comportamento e de seu ser. Qualidade, originalidade e vitalidade singulares são encontradas perfeitamente equilibradas tanto no título quanto na obra doada pelo pintor ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa: Na Vertical da Luz, da Cor, da Vida e dos Espíritos Abençoados pela Arte -- onde o realismo e a inclusão racional do mundo que o circunda se fazem presentes.

O Artista

José Roberto Leonel Barreto nasceu em Capão Bonito, Estado de São Paulo, em 1942. É desenhista, gravador, pintor, professor e teórico em arte. Passou a infância em Itapetininga e mudou-se, na adolescência, para a capital. Senhor Pedro Cesarino Barreto e Dona Izolina Leonel Ferreira, respectivamente, artesão em couro e professora primária, são os pais desse artista.

Em 1966 fez sua primeira viagem ao exterior, visitando vários países da América do Sul e nesse mesmo ano realizou sua primeira exposição individual em São Paulo, na empresa Móveis e Decorações Gobby.

Entre 1968 e 1974, fixou residência na Espanha e visitou muitos outros países da Europa. Mudou-se para Nova Iorque (1975), onde graduou-se e recebeu o título de Bacharel em Belas Artes pela The School of Visual Arts e lecionou desenho na The Riverside Church.

Participou de várias exposições coletivas no exterior, entre elas: 4ª e 5ª Bienal Internacional de Desenho, Middlesbrough, Inglaterra (1979 e 1981); Ball State University, Indiana, Estados Unidos; 5ª Bienal de Puerto Rico, Estados Unidos; 11ª Internacional de Gravuras de Kanagawa, Japão; Museu de Belas Artes de Taipei, Taiwan; Museu Afro-Americano da Califórnia, Los Angeles, Estados Unidos; Museu de Arte do Bronx, Nova Iorque, Estados Unidos; Museu de Santa Bárbara de Arte, Califórnia, Estados Unidos; Câmara Municipal do Barreiro, Portugal; Universidade Middlesex, Londres, Inglaterra; e Correios em Lausanne, Suíça.

Realizou exposições individuais no exterior entre as quais: Galeria Centro Nacional de Artes, Nova Iorque, Estados Unidos (1978); Galeria Casa Canning, Londres, Inglaterra (1979); e Galeria Cayman, Nova Iorque, Estados Unidos (1980 e 1982).

Possui obras em importantes acervos oficiais e particulares, tais como: Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu de Arte Contemporânea de Ibiza, Baleares, Espanha; Museu de Arte Moderna de Caracas, Venezuela; Museu Hispânico de Arte Contemporânea de Nova Iorque, Estados Unidos; Museu Afro-Americano da Califórnia, Los Angeles, Estados Unidos; e Pinacoteca do Estado, São Paulo.

alesp