O psicanalista argentino Eduardo Kalina, um dos maisconceituados especialistas em tratamento de drogados e em prevençãocontra o uso de tóxicos do mundo, esteve há poucos dias no Brasil e fezuma dura advertência. Kalina disse que o cérebro nunca esquece a sensaçãoprovocada pela droga, seja qual for essa droga.Para esse psicanalista de Buenos Aires, um dependente de drogaconseguirá a cura somente se partir para uma total abstinência detóxicos, incluindo bebidas alcoólicas e até mesmo o cigarro, ainda tãotolerado em alguns setores da nossa sociedade.Só para situar a questão, convém lembrar que Eduardo Kalina fez,nos últimos anos, várias palestras em São Paulo e tratou de pessoasfamosas afetadas pelo vício das drogas, entre as quais a atriz brasileiraVera Fischer e o ex-craque argentino Maradona.Kalina deixou claro que o risco de uma recaída em tratamentos émuito maior quando o paciente não se dispõe a se afastar por completo dasdrogas. Foi o que aconteceu, por exemplo, com a própria Vera Fischer, oque entra em choque com teses de teóricos apressados e duvidosos, queafirmam não ver problemas em drogas mais leves, como a maconha. O psicanalista argentino diz que a maconha é porta de entradapara outras drogas. O governo brasileiro é pressionado por gruposestranhamente defensores da legalização do uso da maconha, que tentamiludir a opinião pública e mudar a lei. Mas é preciso ressaltar sempreque, no fundo, droga leve e droga pesada são os mesmos inimigos de todosnós.*Afanasio Jazadji é jornalista, radialista e deputado estadual pelo PFL