CPI do Narcotráfico ouve agentes penitenciários


30/11/2000 19:54

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Após apurar o depoimento do diretor da Casa de Detenção, Jesus Ross Martins, a CPI do Narcotráfico prosseguiu seus trabalhos com a oitiva de alguns agentes penitenciários, do diretor de serviço e do ex-diretor daquela cadeia.

Luiz Correa, motorista e responsável pela Direção de Serviço, afirmou que após a fuga do detento conhecido por Pateta, o diretor de Produção, Carlos Salce, pediu que ele o ajudasse numa diligência à procura do fugitivo. "Fomos à procura de Pateta em sua residência em São Caetano dois dias seguidos." Perguntado por que a polícia não foi comunicada de pronto e por que a diligência foi feita dessa forma, o motorista explicou que Salce é quem cuidou do assunto.

O diretor da Penitenciária de Segurança Máxima de Iaras e ex-diretor da Casa de Detenção, Florisval Silva, disse que os detentos só saem dos limites do presídio por determinação judicial. Ele declarou que não conhecia a determinação que proibia os condenados pelo artigo 12 (tráfico de drogas) de realizarem serviços externos.

Florisval informou que a Penitenciária de Iaras só designa apenados de regime aberto para os serviços externos e que nunca houve fugas, apenas uma tentativa. Sobre o procedimento após a evasão de um preso, ele apontou que "no primeiro momento comunica-se a polícia e depois os agentes penitenciários saem em busca acompanhados de um policial militar".

Em seu depoimento, o agente penitenciário Fernando Reis lembrou que estava de férias na data da fuga de Pateta. "Trabalho no Pavilhão 2 e faço as compras dos prisioneiros. Não escoltei somente o Pateta, já acompanhei um preso a casamento e outro à escola de samba Vai-Vai."

Reis afirmou que Salce autorizou a saída de Pateta e o designou para acompanhá-lo. Ele também explicou como são feitas as compras, em companhia dos agentes Messias e Edivaldo. "Os presos fazem uma lista de pedidos e nós vamos ao Atacadão da Marginal. Para trazer, fretamos um caminhão. Quem controla tudo são os diretores de Produção e de Administração. Os produtos são revistados sempre."

O outro agente depoente foi Osmar Itaici, que informou que é comum o preso trabalhar fora da cadeia. Osmar trabalha no pavilhão 7, mas já prestou serviços no pavilhão 4. "A mudança para o pavilhão 4, com celas individuais, é autorizada pelo diretor do presídio." Osmar salientou que no pavilhão 4 existem 800 presos não encarcerados e oito agentes para controlá-los.

Até o fechamento desta edição, ainda faltavam prestar depoimentos Lindomar Ferreira, Valter Silva, Mavi da Luz e Edivaldo Fonseca.

A CPI deve realizar uma nova reunião para ouvir o diretor de Produção da Casa de Detenção, Carlos Alberto Salce, mencionado em várias declarações.

alesp