A primeira reunião do Colégio de Líderes neste ano deve acontecer na próxima terça-feira, 7/2. Ela será marcada pela discussão da Lei Orçamentária Anual de 2006, projeto que, normalmente, é votado em dezembro, antes de ser encerrada a sessão legislativa. Diversos deputados da base governista, como Arnaldo Jardim (PPS) e Mauro Bragato (PSDB), defenderam no Plenário que a deliberação sobre a matéria seja feita o quanto antes, alegando que o atraso na votação da LOA pode comprometer a imagem da Assembléia Legislativa. Por outro lado, as bancadas de oposição justificam que o atraso resulta da posição do governo de não admitir as mudanças propostas por meio de emendas, acatadas pelo relatório do deputado Edmir Chedid (PFL).O relatório do projeto foi aprovado em 21/12/05 pela Comissão de Finanças e Orçamento (CFO), por cinco votos a quatro, votação que já prenunciava o impasse sobre a aprovação final da peça orçamentária, já que o PT, com 22 parlamentares na Casa, tem dois membros na CFO e o PSDB, também com 22 deputados estaduais, possui apenas um membro na comissão. Votaram a favor do relatório os deputados José Caldini Crespo (PFL), Edmir Chedid (PFL), Enio Tatto (PT), Mário Reali (PT) e Jorge Caruso (PMDB). O voto em separado apresentado pelo deputado Vaz de Lima (PSDB) " que rejeitou as emendas regionais e praticamente todas as emendas individuais e de bancadas " recebeu o apoio de Paulo Sergio (PV), Waldir Agnello (PTB), Vitor Sapienza (PPS) e do proponente.Peça inovadoraO orçamento global apresentado pelo governo prevê a arrecadação de R$ 80,7 bilhões, mas a CFO, presidida por José Caldini Crespo (PFL), considerou o excesso de arrecadação que tem havido nos últimos anos. Dessa forma, o relatório de Edmir Chedid (PFL) previu pelo menos R$ 2 bilhões a mais de receita, o que possibilitou a apresentação de emendas sem a subtração de recursos de outras áreas. "Desses R$ 2 bilhões, não estamos comprometendo nem a metade. As emendas não chegam a vincular nem 12% da capacidade de investimentos da administração direta, que é de R$ 6,3 bilhões", afirmou Crespo.Além disso, o Orçamento para 2006 incluiu, nas emendas de seu relator, demandas tiradas das 49 audiências públicas realizadas pela CFO nas 42 regiões de governo do Estado e em mais seis cidades da Grande São Paulo. "Transformamos quase 4 mil idéias em 250 emendas coletivas, assinadas por mais de 60 deputados da Casa, de diversos partidos, incluindo vários do PSDB, cuja posição é contrária ou reticente a essas emendas regionais", afirmou Crespo.Além disso, a peça orçamentária em discussão passou a incluir as chamadas emendas pontuais, onde cada parlamentar pode indicar recursos para determinada obra ou serviço. Para as emendas individuais, a CFO definiu um limite de R$ 2 milhões por deputado. Cada bancada teve ainda direito de ver incluídas no relatório emendas que totalizasses mais R$ 2 milhões por parlamentar. "Houve bancadas que abriram mão das emendas, que foram somadas aos valores que caberiam aos seus membros, totalizando R$ 4 milhões por deputado", explicou o presidente da CFO.Para Crespo, a demora na a deliberação final do Orçamento, embora nunca tenha acontecido em anos anteriores, é compreensível e está sendo saudável para a Casa. "Um dos objetivos da eleição do atual presidente, Rodrigo Garcia, foi justamente esse: valorizarmos um pouco mais o Poder Legislativo. Infelizmente, nesses últimos anos, o Legislativo simplesmente chancelava o texto básico do orçamento formulado pelo Executivo", comentou.A Constituição Estadual prevê, no caso de atraso na votação do Orçamento, que se aplique a peça orçamentária do ano anterior à razão de 12 duodécimos por mês, o que implica redução de despesas, já que a previsão de receitas para 2005 foi inferior à deste ano. Há ainda a restrição de dar início a programas, projetos e atividades não previstas no Orçamento de 2005.