Hoje, 1º de maio, Dia do Trabalho, talvez seja uma oportunidade para refletir sobre a situação do emprego e das relações de trabalho no Brasil. Em meio a uma crise agravada e com índices de desemprego mantendo a casa dos 20% da população economicamente ativa na Grande São Paulo, falar que estamos voltando à estabilidade econômica é uma afronta aos nossos foros de gente civilizada. Um contingente de pais e mães de família se acumula nas agências de emprego e nas portas de fábricas e de estabelecimentos comerciais. São pessoas que testemunharam o grande volume de promessas miraculosas de geração de emprego, que no ano passado foi pródigo nas televisões e nas rádios, nos meses que antecederam as eleições. O que se pondera é que tais promessas ainda não se transformaram em realidade, tampouco têm tido sementes plantadas na esfera pública, as quais possam germinar e aliviar o drama do emprego para a população. Com o intuito de amenizar os efeitos do desemprego, o saudoso Governador Mário Covas criou, em 1999, o Programa Frentes de Trabalho, o que até hoje vigora e absorve, mesmo que provisoriamente, parte da mão-de-obra desprezada pelo mercado. As Frentes de Trabalho, embora enfrentando freqüentemente problemas na entrega de benefícios como cestas básicas aos trabalhadores do Programa, têm sido uma válvula de escape ao drama de milhões de família. É Uma espécie de analgésico bem-vindo, que embora não combata a causa da dor, torna um pouco mais suportável, por determinado período, a árdua tarefa do sustento de milhares de famílias. O ideal seria que as diversas instâncias do Estado brasileiro Criasse políticas públicas voltadas à geração de empregos. Para isso, a Mudança na política-econômica nacional precisa ocorrer. Não é possível que a especulação, brindada com juros elevados, massacre sempre a produção, sufocando o crédito de pequenas e médias empresas, que além de tudo são taxadas pesadamente por tributos dos mais usurários e extorsivos. No Dia do Trabalho, parece importante salientar que as Reformas tributária, fiscal e previdenciária sejam implementadas. Mais do que a aprovação das mesmas a toque de caixa, como quer o governo Lula, é preciso discuti-las à exaustão, aprová-las com legitimidade, Desprezando para tanto negociações fisiologistas do governo junto ao Congresso Nacional. Há muito pouco a comemorar. Enquanto não resolvermos o drama do emprego, não poderemos brindar o Dia do Trabalho. Para milhões de brasileiros o que prevalece é a amargura de mais um dia como outro qualquer, queimando no mais terrível inferno que é o desemprego. *Luís Carlos Gondim Teixeira é deputado estadual pelo PTB.