O Dia do Desemprego

OPINIÃO - Luís Carlos Gondim Teixeira*
30/04/2003 18:36

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Hoje, 1º de maio, Dia do Trabalho, talvez seja uma oportunidade

para refletir sobre a situação do emprego e das relações de

trabalho no Brasil. Em meio a uma crise agravada e com índices de desemprego mantendo a casa dos 20% da população economicamente ativa na Grande São Paulo, falar que estamos voltando à estabilidade econômica é uma afronta aos nossos foros de gente civilizada.

Um contingente de pais e mães de família se

acumula nas agências de emprego e nas portas de fábricas e de

estabelecimentos comerciais. São pessoas que testemunharam o grande volume de promessas miraculosas de geração de emprego, que no ano passado foi pródigo nas televisões e nas rádios, nos meses que antecederam as eleições.

O que se pondera é que tais promessas ainda não se

transformaram em realidade, tampouco têm tido sementes plantadas na esfera

pública, as quais possam germinar e aliviar o drama do emprego para a população.

Com o intuito de amenizar os efeitos do desemprego, o saudoso

Governador Mário Covas criou, em 1999, o Programa Frentes de Trabalho, o que até hoje vigora e absorve, mesmo que provisoriamente, parte da

mão-de-obra desprezada pelo mercado. As Frentes de Trabalho, embora enfrentando freqüentemente problemas na entrega de benefícios como cestas básicas aos trabalhadores do Programa, têm sido uma válvula de escape ao drama de milhões de família. É Uma espécie de analgésico bem-vindo, que embora não combata a causa da dor, torna um pouco mais suportável, por determinado período, a árdua tarefa do sustento de milhares de famílias.

O ideal seria que as diversas instâncias do Estado brasileiro

Criasse políticas públicas voltadas à geração de empregos. Para isso, a

Mudança na política-econômica nacional precisa ocorrer. Não é possível

que a especulação, brindada com juros elevados, massacre sempre a

produção, sufocando o crédito de pequenas e médias empresas, que além de tudo são taxadas pesadamente por tributos dos mais usurários e extorsivos.

No Dia do Trabalho, parece importante salientar que as

Reformas tributária, fiscal e previdenciária sejam implementadas. Mais do

que a aprovação das mesmas a toque de caixa, como quer o governo

Lula, é preciso discuti-las à exaustão, aprová-las com legitimidade,

Desprezando para tanto negociações fisiologistas do governo junto ao

Congresso Nacional.

Há muito pouco a comemorar. Enquanto não resolvermos o drama do

emprego, não poderemos brindar o Dia do Trabalho. Para milhões de

brasileiros o que prevalece é a amargura de mais um dia como outro qualquer,

queimando no mais terrível inferno que é o desemprego.

*Luís Carlos Gondim Teixeira é deputado estadual pelo PTB.

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