Comissão de Transportes e Comunicações ouve diretor-presidente da CPTM


22/11/2000 18:30

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O diretor-presidente da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Oliver Hossepian Salles de Lima, atendendo convite da Comissão de Transportes e Comunicações, presidida pelo deputado Rodrigo Garcia (PFL), compareceu à Assembléia Legislativa de São Paulo, na tarde desta quarta-feira, 22/11, para prestar esclarecimentos sobre o acidente ocorrido com um trem da Companhia, em julho passado, em Perus, que matou nove pessoas e feriu outras 104.

Hossepian foi taxativo ao dizer que o acidente foi causado por um problema no freio. "As máquinas estão passando por um processo de atualização tecnológica, mas o trem que sofreu o acidente não estava com o sistema de freios preparado". Segundo Hossepian Salles, se o trem tivesse sido "devidamente" calçado o acidente não teria ocorrido.

O deputado Jamil Murad (PCdoB), que em 1996 requereu a instalação de uma CPI para investigar o sistema de transportes ferroviários na Região Metropolitana de São Paulo, disse a Hossepian que, apesar de saber dos esforços da empresa com os familiares dos mortos e com os acidentados, os trens continuam com problemas e outros acidentes podem acontecer. "Em 1996, quando pedimos a CPI, tínhamos a informação de que 600 acidentes ferroviários tinham acontecido em 1995. Fiz um novo pedido de CPI e há outros dois na Casa". O deputado lembrou uma medida da Promotoria de Justiça do Consumidor, que abriu inquérito civil para investigar o caso e pediu a suspensão temporária dos serviços da CPTM.

Hossepian disse ser impossível suspender os serviços da companhia. "Transportamos 900 mil passageiros/dia, 16 milhões por mês e, até o dia 20 de novembro, já atendemos a 3,306 milhões de passageiros. Em relação ao ano passado, tivemos um acréscimo de dois milhões de usuários." Ele também afirmou que em 1995 - época mencionada pelo deputado Murad -, para a CPTM funcionar em segurança teria de ter investido 1 bilhão de dólares. "De 1984 até hoje, não conseguimos investir nem sequer metade desse valor. Precisamos do apoio do Executivo e do Legislativo na aprovação do Orçamento para melhorarmos o sistema de transporte ferroviário."

Na opinião de Hossepian, CPTM e Metrô devem trabalhar juntos. "Não deveria haver essa dualidade", declarou ele. "Mais pessoas seriam beneficiadas com a desestatização do transporte ferroviário".

O deputado Gilberto Nascimento (PMDB) compartilha da opinião de Hossepian: "O Estado deve ser preocupar com a educação, com a saúde e com a segurança, o resto deve fazer parte da iniciativa privada."

alesp