As paisagens de Íria Galgano: um grito de alerta para preservar a natureza


28/10/2002 18:00

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Emanuel von Lauenstein Massarani

Na história da arte contemporânea os mitos, as aberturas se sucedem com uma cadência ligada às explosões do pensamento humano, aos acontecimentos sociais e culturais de uma nação. Entretanto, os valores essenciais de uma arte como a de Íria Galgano se tornam testemunho de um operosidade repleta de significativos momentos evocativos.

Sua intensa atividade criativa se baseia numa pesquisa pictórica, na qual se fundem os sentimentos mais profundos de um artista que elaborou uma linguagem tipicamente figurativa envolvida de episódios e de fatos existenciais.

Suas telas nos aparecem concebidas segundo uma precisa estrutura, segundo um comum relacionamento entre o gesto criativo e a intuição, entre a representação e a análise da realidade que nos circunda.

A artista não se limita em considerar os aspectos negativos da existência humana. Reivindica para si a possibilidade de recuperação dos valores existenciais que formam o tecido da vida. Consegue realizar obras intimamente poéticas, onde a paisagem monocolor, mas de textura profundamente realística se torna o símbolo de uma análise psicológica que nos parece o ponto alto de sua pintura.

Afastando-se dos dogmas dos mestres do passado, Íria Galgano transmite o seu amor pela natureza pintando-a de forma bem pessoal e com uma expressão muito feliz. Na obra "In Natura Rosso" - doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho - sua cor avermelhada revela uma paisagem bem viva, forte e quase incandescente. Embora a artista faça questão de esclarecer que não registra a destruição da natureza, mas deseja propiciar ao observador contemplar e questionar o mundo real, acreditamos que ela seja, também, um grito de alerta aos povos da Terra para que a preservem nesse novo milênio.

A Artista

Íria Gomes Galgano nasceu na cidade de São Paulo, em 1948, onde reside e desenvolve seus trabalhos até hoje. Formou-se pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo em Desenho, Artes Plásticas e Educação Artística. No período de formação recebeu orientações de artistas renomados como: Paim Vieira, Fang, João Rossi e Caciporé Torres. Durante mais de 15 anos, desenvolveu trabalho de Arte Educadora, no ensino público e particular de São Paulo.

Dentre as participações em exposições nacionais e internacionais destacam-se: Salon des Indépendents - Grand Palais des Champs-Elysées - Paris, França (2000); Feira Internazionale d´Arte, Padova, Itália (2001); IV Biennale Internazionale di Roma - Sala del Bramante - Itália (2002); Prêmio Primavera - Palazzo Barberini - Roma (2002); e I Triennale Internationale d´Art Contemporain - Toit de la Grande Arche, Paris, França (2002).

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