Presos confirmam tortura em morte no 50.º DP da capital


11/07/2000 15:18

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Os deputados Renato Simões e Paulo Teixeira, do PT, e representantes da Pastoral Carcerária e da Ação dos Cristãos pela Abolição da Tortura (ACAT ) confirmaram, no dia 3/6, com os presos do 50.o Distrito Policial da capital, em São Miguel Paulista, a sessão de tortura e espancamento promovida naquele DP, no dia 9 de junho, por policiais civis, que resultou na morte do preso Nilson Saldanha.

Os depoimentos ouvidos pelos parlamentares e pela imprensa presente à visita revelam a tortura ainda promovida nas cadeias públicas. Depois de uma tentativa frustrada de rebelião, integrantes do Grupo de Operações Especiais da Polícia Civil e do próprio distrito espancaram e humilharam os mais de 160 presos.

A sessão de tortura iniciou-se por volta das 15 horas e entrou pela noite e madrugada, deixando dezenas de vítimas, especialmente os presos do xadrez 3. "Os presos, nus, segundo informações dos dois deputados, eram submetidos a choques elétricos, espancamento com barras de ferro, socos e pontapés, sendo ainda obrigados a deitarem uns sobre os outros em pilhas humanas, sob toda sorte de piadas dos policiais.

De acordo com depoimento dos presos, toda a operação foi autorizada e acompanhada pela delegada. Em 1997, um fato semelhante foi denunciado pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa e pela Pastoral Carcerária no DEPATRI, quando mais de cem presos foram submetidos a exames de corpo de delito que comprovaram as denúncias de tortura. A visita ao 50.º DP teve por objetivo colher depoimentos dos presos, vários dos quais se apresentaram para realizar exames de corpo de delito e participar da identificação dos policiais. Quatro carcereiros e um investigador do distrito foram identificados pelos presos. Um relatório sobre a tortura em São Paulo será entregue, em agosto, ao relator das Nações Unidas sobre tortura, Nigel Rodley, que visitará o país dentro da campanha pela abolição da tortura.

(Mais informações, ligue para o gabinete do deputado Renato Simões - 3886-6301/6302)

alesp