Secretaria tentará contornar restrição à "cama de frango"

Criadores de frango e gado e autoridades do município de Conchas procuram solução para limitação de uso do produto
29/08/2001 17:00

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DA ASSESSORIA

O coordenador de Defesa Agrícola do Estado, Júlio César Pompei, vai se reunir, nos próximos dias, com criadores de frango e gado e autoridades do município de Conchas para buscar uma solução para as limitações impostas pela Instrução Normativa n.º 15, do Ministério da Agricultura, que proíbe o uso da "cama de frango" na alimentação do gado. A decisão sobre a ida de Pompei a Conchas foi definida pelo próprio secretário estadual da Agricultura, João Carlos Meirelles, durante audiência concedida na tarde de terça-feira, 28/8 ao deputado estadual Caldini Crespo (PFL), ao prefeito de Conchas, José Luiz Miranda, vereadores, criadores, além do veterinário Valério Martins de Souza.

A "cama de frango" é resultado da moagem da mistura da serragem de pinus, usada para cobrir o chão dos viveiros das granjas de engorda de frango, e as fezes das aves. O produto é muito usado na alimentação do gado por pequenos e médios criadores, tendo como principal vantagem a redução de quatro para dois anos e meio o tempo para que o gado chegue ao ponto de abate, em termos de peso. Somente no município de Conchas, a cada 45/50 dias, que é o período de engorda do frango, os cerca de trezentos criadores do município produzem aproximadamente 5 mil toneladas de "cama de frango".

No encontro com o secretário da Agricultura, o deputado Crespo manifestou a preocupação com os reflexos sociais e econômicos decorrentes da manutenção das restrições impostas pela Instrução Normativa. Um terço da população economicamente ativa de Conchas e região trabalha nessa área, segundo informações das autoridades locais.

"O secretário disse que conhecia o assunto, que entendia o impacto dessa medida na economia regional e que iria tomar providências para tentar contornar isso", revelou o deputado Crespo. Conforme João Carlos Meirelles, a postura assumida pelo Ministério da Agricultura decorreu principalmente de exigências do mercado importador da carne bovina brasileira, principalmente o europeu, em função do surgimento do mal da vaca-louca.

Entre as medidas anunciadas por Meirelles, como uma forma de se tentar contornar a restrição ministerial e que passarão a ser estudadas pela Secretaria estão: 1) a mudança na alimentação dos frangos; 2) tratar a "cama de frango" de modo a permitir a continuidade de seu uso na alimentação do gado; ou 3) dar outro tipo de aproveitamento econômico para o produto. "Uma coisa, entretanto, o secretário deixou bastante claro: qualquer que seja o caminho adotado, ele vai depender das regras internacionais de exportação da carne bovina. O tratamento a ser aplicado em Conchas e região não poderá conflitar com o objetivo do país de manter suas exportações de carne para outros países, principalmente os da Europa", concluiu Crespo.

alesp