Opinião - Transparência necessária, mas sem distorções


09/12/2009 15:08

Compartilhar:


A modernização dos meios de comunicação e o aperfeiçoamento dos mecanismos de controle no processo democrático possibilitam cada vez mais uma vigilância permanente sobre os agentes políticos, com vistas a controlar e exigir deles o cumprimento de seus compromissos e o devido cuidado com o dinheiro e os gastos públicos.

Nada mais justo que isso seja feito pela sociedade, o que ocorre normalmente por meio dos meios de comunicação e de organizações civis, cujo papel essencial é a fiscalização e avaliação do Executivo e, sobretudo, do trabalho parlamentar no Congresso Nacional e nas assembleias legislativas.

Nesse aspecto, somos plenamente favoráveis ao papel exercido por essas organizações. O que nos preocupa, no entanto, são os critérios utilizados para medir o grau de seriedade e comprometimento dos parlamentares com suas respectivas bases eleitorais e a sociedade em geral.

Muitas vezes são avaliações interpretadas de uma forma tendenciosa, enfocando apenas os aspectos negativos e desfavoráveis aos parlamentares, omitindo os dados positivos. Esse comportamento pode provocar distorções da realidade.

A rotina na Assembleia Legislativa, nem sempre é produtiva como deveria ser, do ponto de vista de resultados efetivos na vida do cidadão, pois às vezes há muito desperdício de tempo com questões secundárias. Por isso é duvidoso avaliar um deputado apenas pela quantidade de proposituras que faz e não pela qualidade e a contribuição que elas podem trazer à sociedade.

O dia-a-dia do mandato é bem mais do que apresentar proposituras ou permanecer o tempo todo no plenário da Assembleia. É uma agenda que exige a participação em inúmeras reuniões, comissões temáticas, audiências públicas, tudo, muitas vezes, ao mesmo tempo.

Há ainda uma rotina exaustiva de atendimento no gabinete e no escritório político e uma programação de viagens aos municípios, para contemplar à necessidade de um contato direto com as demandas locais. E sendo o deputado um porta-voz da sua região, ele precisa estar articulado com outras instâncias do Estado, para atender às principais expectativas da população.

Esses são pontos que deveriam constar na avaliação da produtividade dos parlamentares, mas nada disso parece ser considerado pelas instituições, que acompanham e fiscalizam o Legislativo. O mesmo rigor, no entanto, não se observa, por exemplo, com relação ao Judiciário.

Infelizmente, há uma parte da opinião pública e dos meios de comunicação que aproveita esses dados para explora-los com sensacionalismo. Não explicam à sociedade, as circunstâncias e o contexto nos quais se desenrola a atividade política.



*Afonso Lobato é deputado estadual pelo PV.

alesp