A respeito do turismo desenfreado do megatraficante carioca Fernandinho Beira-Mar, com suas seguidas transferências de presídios e enorme cobertura pela mídia, insisto num ponto de vista: estão valorizando demais um bandido, que, por tudo aquilo que fez, deveria estar confinado numa só cadeia pelo resto de sua vida. Na verdade, o que faltou foi competência da parte do governo do Estado do Rio de Janeiro, que não soube lidar com o criminoso surgido em seu território, e ao governo Federal, que confessou suas limitações para aprisionar o pernicioso delinqüente.

Em 27 de março deste ano, Fernandinho Beira-Mar foi retirado do Estado de São Paulo, depois de ter permanecido um mês no presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes, mas ficou em Alagoas apenas 40 dias. Ele acabou voltando no início de maio. O governo Federal havia chegado à conclusão de que, para o Rio, Beira-Mar não poderia retornar. Lá, ele conseguia comandar assassinatos de antigos companheiros de quadrilha e ordenar ataques a vários locais da cidade.

Mesmo com esse traficante longe do Estado, os atentados ao Rio continuaram, e o ex-governador Anthony Garotinho decidiu vestir a roupa de Super-Homem, como novo secretário da Segurança Pública, numa jogada arriscada para seu futuro político. Lutar contra o crime organizado carioca é um grande desafio. Nesse ponto, o Estado de São Paulo dá uma lição, duplamente: foi capaz de construir o único presídio de segurança máxima do País, o de Presidente Bernardes, enquanto outros Estados são inertes, e o governador Geraldo Alckmin mostrou desprendimento. Mas, agora, chega de tanto falar em Beira-Mar!

*Afanasio Jazadji é radialista, advogado e deputado estadual pelo PFL