Comissão debate política de esportes e educação física nas escolas

(com fotos) Convidados representativos do mundo esportivo debateram a política de esportes, a prática esportiva
30/08/2001 21:06

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DA REDAÇÃO

O esporte foi um dos principais temas de discussão na Assembléia Legislativa, na tarde desta quinta-feira, 30/8. A Comissão de Esportes e Turismo, presidida pelo deputado Marquinho Tortorello (PPS), recebeu convidados representativos do mundo esportivo para debater a política de esportes, a prática esportiva e a educação física escolar no Estado de São Paulo. Entre eles, o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman; a secretária de Esportes do município de São Paulo, Nádia Campeão; o ex-jogador de vôlei e deputado pelo Estado do Rio de Janeiro, Bernard Razjman; o presidente do Conselho Regional de Educação Física, Flávio Delmanto; representantes das federações paulistas de tênis e karatê; além dos medalhistas olímpicos Servilio de Oliveira, Carlos Honorato e uma delegação de atletas da cidade de São Caetano do Sul, acompanhada pelo secretário de Esportes daquele município, Walter Figueira.

Tortorello abriu a reunião dizendo que a educação física é a profissão mais antiga do mundo: "Na pré-história, praticava-se a educação física, quando os pais ensinavam seus filhos a caçar, transmitindo-lhes conhecimentos e técnicas".

Já o presidente do COB, Carlos Nuzman, destacou que a maioria da juventude não tem condições de freqüentar clubes ou academias, sendo as escolas sua única chance de praticar esportes. Outra de suas preocupações é o nível de escolaridade dos atletas brasileiros. Segundo ele, é necessário dar maior atenção à continuidade da escolarização dos atletas. Na mesma linha de raciocínio, considera necessário dotar os professores de educação física de uma cultura de informação. "Não basta estar formado, é necessária a permanente reciclagem e especialização", disse.

Flávio Delmanto, do Conselho Regional de Educação Física, desculpou-se ao confessar que rezou para o Brasil não ganhar nenhuma medalha em sua última participação nas Olimpíadas, pois só assim, considerava, alguma coisa seria feita para o desenvolvimento do esporte. Delmanto diz que a maior parte dos campeões brasileiros são "abortos da natureza", diante da ausência de uma política nacional de esportes e de educação física. O presidente do Conselho Regional acrescentou que educação física não está sendo considerada disciplina obrigatória nas escolas de nível fundamental. Já no tocante aos profissionais de educação física, disse que existem cerca de 220 modalidades de esportes, e que as escolas superiores formam apenas generalistas, pois não conseguem cobrir toda essa gama de categorias esportivas. Delmanto sugeriu que as federações, em parceria com o COB e conselhos regionais, realizem cursos de especialização e aperfeiçoamento desses profissionais.

O deputado do Rio de Janeiro e medalhista olímpico Bernard avalia que o país vive "transformações sérias", particularmente com a criação de um ministério específico para tratar desse assunto. A regulamentação da profissão de educação física estaria, segundo ele, ligada a essas transformações. Bernard considera que a classe dos esportistas foi sempre relapsa em relação às exigências de uma política abrangente para o setor. Defendeu uma legislação para o esporte, similar à lei de incentivo à cultura - a Lei Rouanet -, comentando que, diferentemente do que se passa com os profissionais do esporte, não existe sequer uma semana em que não se veja circulando por Brasília artistas fazendo lobby em defesa de sua classe. Por isso, avalia ser este um momento ímpar para o esporte, com a criação de uma comissão nacional de atletas para municiar o Ministério dos Esportes com informações e diretrizes para implementação de políticas, ao mesmo tempo em que se forma uma movimento que busca obter incentivos fiscais para o setor.

O presidente da Assembléia, deputado Walter Feldman, reputou importante a iniciativa da Comissão de Esportes e Turismo. "As soluções mais simples são as melhores. Contra as drogas e a criminalidade, está aí o esporte, coisa que a juventude adora. Ele tem a mágica da construção da auto-estima e o poder de transformação. No entanto, sempre foi considerado como matéria de segunda classe. Estamos jogando esse grande potencial fora", disse.

A secretária Nádia Campeão expressou a mesma opinião, no que diz respeito ao potencial social do esporte, dizendo que este não é composto apenas por atletas mas pelos cidadãos comuns. "Espero que a Câmara Municipal de São Paulo adote a mesma iniciativa desta comissão da Assembléia", finalizou.

alesp