Pedro Pinkalsky evidencia seu "surrealismo" através da recuperação de resíduos

Emanuel von Lauenstein Massarani
21/05/2003 15:36

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Pedro Pinkalsky, nos apresenta a quinta essência de sua arte, fruto de uma paciente recuperação de objetos os mais diversos, sejam eles de nossa tecnologia industrial ou de nossas pedras graníticas.

Com uma rara imaginação criadora o escultor e pintor, forte de seu heteróclito tesouro, se dedica a um meticuloso trabalho de assemblage que constrói ao sabor de sua fantasia e de seus sonhos. Eis que o milagre se produz dos vestígios de um mundo em degeneração, de relíquias de uma sociedade que a febre de consumo rende cega e ingrata: o artista refunde um universo seguindo suas normas e sua ética.

Cada obra de Pedro Pinkalsky forma um todo, uma entidade micro-cósmica que encarna a matéria, poderosamente evocada pelo material selecionado, o espírito que emana da construção e o olhar prescrutante do artista.

Arte conceitual? Certamente, pois é visível a mensagem. Mas a estética surrealista permanece também evidente transformando o conjunto em harmonioso e de uma beleza evocadora. Entretanto não permanecemos nessa atitude contemplativa. A admiração estimula uma vontade de penetrar o mistério da gênese de uma obra que consegue criar uma sorte de envolvimento.

Analisando sua personalidade, o artista demostra um certo culto pelas reminiscências de uma nostalgia da infância e de um paraíso perdido que deseja recriar na irracionalidade e na poesia. Por outro lado, é curioso observar uma sorte de casamento entre a tecnologia, de inclinações frias e a natureza pela qual Pedro Pinkalsky permanece fascinado.

Nessa aliança ¨matéria - natureza¨, existe ainda uma terceira dimensão: o da cultura. Com efeito, a encontrarmos no profundo humanismo desse artista que, não somente consegue uma perfeita integração da entidade objeto e a substancia vital, mas lhe insufla ainda toda a sua bagagem de conhecimentos intelectuais e existenciais. A escultura O cavaleiro do Apocalipse , doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, é testemunho dessa criatividade que transforma e enobrece a Recuperation art em surrealismo fascinante.

O Artista

Pedro Pinkalsky, nasceu em São Paulo em 1942. Formou-se em arquitetura pela Universidade Mackenzie, no ano de 1969. Entrou em contato com a arte nas aulas de modelagem e desenho artístico frequentando ainda a Biblioteca da FAU. Participou das aulas de plástica e modelagem dadas pelo escultor Lazio Zinner.

Por mais de 15 anos, trabalhou somente com pedra sabão, criando esculturas abstratas onde a forma harmoniosa era o principal objetivo. Com o passar do tempo começou a acrescentar materiais como: ferro, madeira, plástico, sucatas e diversos elementos que encontra na natureza.

Morando em uma casa-ateliêr, divide o espaço com sua esposa, a artista Ivone Couto, e os filhos também iniciantes em arte. Sua casa é ao mesmo tempo museu, ateliêr, escola e galeria.

Em suas aulas, além de conhecimentos técnicos, o escultor procura preservar e desenvolver a individualidade do aluno, para que ele encontre seu caminho, sua expressão.

Participou de inúmeras exposições coletivas tanto no Brasil como no exterior e entre as mostras individuais destacam-se: Fundação de Arte de Ouro Preto e Galeria do ICBEU (1975); Museu de Arte de São Paulo e Faculdade de Arquitetura de Minas Gerais (1976); Galeria Paulo Prado, São Paulo; (1977,1982,1986 e 2000); Galeria Acaiaca, Curitiba; (1977),Galeria Projecta (1982) Galeria Paulo Figueiredo, São Paulo (1986); Galeria Hebraica (1993); Memorial da América Latina (1994), ¨Pedras e Flores¨ no Centro Cultural Britânico de São Paulo (2000), Espaço Prodan, Parque Ibirapuera (2001).

É detentor de inúmeros prêmios em prestigiados salões e museus brasileiros notadamente na Bienal de São Paulo. Suas obras encontram-se em coleções oficiais e privadas destacando Museu de Arte de São Paulo, Museu de Arte Moderna em São Paulo, Museu da Pampulha em Belo Horizonte e Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo.

Desde 1976, exerce intensas atividades didáticas tanto em seu atelier como em Faculdades e Museus de São Paulo.

alesp