OS ERROS NO GRANDE MOTIM DE TAUBATÉ - OPINIÃO

Afanasio Jazadji*
28/12/2000 16:44

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A grande tragédia em torno da rebelião que durou 30 horas, entre 17 e 18 de dezembro, na Casa de Custódia de Taubaté mostra que, quando falha a política de combate à criminalidade e de controle dos presídios, não existem cadeias de segurança máxima. Nesse motim, os presos mataram 9 de seus companheiros de prisão, recorrendo a requintes de crueldade, e chegaram a ameaçar de morte os 22 reféns, entre os quais mulheres e crianças que tinham ido visitar detentos. Como sempre acontece após um caso de nítida incompetência do alto escalão do governo, os assessores de Mário Covas preferem lançar a culpa em funcionários, em vez de admitir seus erros publicamente. Esse presídio do Vale do Paraíba, que conheci muito bem quando presidi a CPI da Assembléia Legislativa que investigou o crime organizado em nosso Estado, de 1995 a 1999, é bastante antigo, mas havia passado por uma reforma coordenada pelo seu diretor, Ismael Pedrosa, que o tornara "de segurança máxima". Lá existem celas individuais e com a separação dos presos até mesmo na hora de tomar sol, em que cada um ia para o pátio num determinado horário, sem encontrar o outro. Para Taubaté, foram levados bandidos de alta periculosidade, como Pedrinho Matador, o chamado Maníaco do Parque, Maria do Pó, que ficou famosa como líder de uma das maiores quadrilhas de traficantes de cocaína do País, e o estudante Mateus, da chacina do cinema do Shopping Morumbi. O governo seguiu o estilo de defender direitos humanos para bandidos, permitiu visitas aos presos, em vez de restringir o contato dos detentos com quem chega de fora. Desde 1962 não ocorria um motim naquela cadeia. Quebrou-se a tradição, de modo sangrento.

*Afanasio Jazadji é radialista e deputado estadual pelo PFL

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