Opinião: Reduzindo a distância entre o crédito e quem produz

Arnaldo Jardim*
04/11/2004 17:12

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O sistema cooperativista é hoje considerado imprescindível a qualquer país que queira se pautar pelo crescimento econômico com desenvolvimento sustentável e justiça social. No momento em que se comemorou, em 21 de outubro, o Dia do Cooperativismo de Crédito, queremos destacar alguns aspectos de importância ímpar sobre o imenso papel social que hoje cumpre o cooperativismo no Brasil e no mundo.

A data, que marca 156 anos da atividade, este ano conta com o tema "Cooperativas de Crédito: Sonhe, Participe, Realize". A comemoração, coordenada pelo Conselho Mundial das Cooperativas de Crédito, envolve 90 milhões de pessoas em todo o mundo. Como coordenador da Frente Parlamentar pelo Cooperativismo Paulista (Frencoop/SP), tenho o dever de lembrar que hoje, apenas em São Paulo, existem 207 cooperativas de crédito, envolvendo mais de 285 mil cooperados que movimentam, anualmente, recursos da ordem de 260 milhões de reais. Vale destacar, também, o crescimento das cooperativas, que em 1995 respondiam por 0,44% das operações bancárias e financeiras no País e, em 2002, passaram para 1,94%, atendendo 1,5 milhão de pessoas.

Embora a participação das cooperativas tenha quadruplicado, ela ainda é muito pequena para um país de dimensões continentais como o nosso. São muitos os entraves que impedem que se amplie, de forma mais efetiva, esse importante instrumento social, verdadeira alavanca da atividade econômica e produtiva entre aqueles que tradicionalmente não encontram meios de expandir suas ações por se encontrarem à margem do sistema bancário tradicional.

Como a Organização das Nações Unidas oficializará 2005 como o Ano Internacional do Microcrédito, gostaríamos de reforçar nosso apoio à intenção do presidente Lula de transformar o Brasil numa nação cooperativista, o que, infelizmente, até agora vem caminhando a passos lentos.

É preciso, rapidamente, levar igualdade de oportunidades para os que almejam produzir e contribuir com o crescimento do Brasil. Para tanto, é necessário expandir as cooperativas de crédito para as grandes capitais brasileiras e definir claramente a base legal para estabelecer uma carga tributária justa, pois não se pode onerar precisamente os que se contrapõem ao lucro virulento do sistema financeiro.

Estimular o cooperativismo de crédito é a melhor alternativa para obter produtos e serviços a custos bem mais reduzidos que os oferecidos pelo mercado e pelo sistema bancário. Temos como um bom exemplo o Banco do Povo, criado pelo governador Geraldo Alckmin, e que oferece crédito a juros baixos para a população excluída do mercado de capitais. Ressaltamos que, em contrapartida, e como prova de que é preciso investir na população mais humilde, as taxas de inadimplência são extremamente baixas, evidenciando o compromisso do povo com o cumprimento de suas obrigações.

É preciso estimular a produção, reduzir juros, eliminar a burocracia, facilitar o acesso ao crédito, enfim, definir mecanismos claros que encurtem a imensa distância existente entre o capital e os que querem produzir no sistema de cooperativas.

O cooperativismo é, estamos certos disso, um dos caminhos mais rápidos e seguros para que o Brasil possa romper os obstáculos rumo à igualdade de oportunidades e, assim, construir as bases de sustentação que nos levarão ao terreno fértil da justiça social, da redistribuição de renda e do crescimento econômico.



*Arnaldo Jardim é engenheiro, deputado estadual pelo PPS e coordenador da Frencoop/SP.

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