Jerci Maccari: devoção à natureza e humildade frente à beleza da luz

EMANUEL VON LAUENSTEIN MASSARANI
25/11/2002 14:10

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"Toda obra é uma pergunta que exige uma resposta" - dizia Balzac. Uma arte feliz como a de Jerci Maccari é mais difícil de comentar do que uma arte voluntariamente dramática. Sob uma aparente facilidade, resultante da utilização de raros dons e do conhecimento experimentado de um sólido "metier", a primeira qualidade do artista é sua profunda devoção à natureza e sua humildade frente à perfeita beleza da luz.

Equilibrada também é a estrutura de sua composição. Suas paisagens se caracterizam por um colorido claro e delicado, com uma profundidade espacial e uma luminosidade surpreendente.

Seu ambiente de predileção corresponde às suas origens de homem do campo: desde o semear à colheita, passando pelo arado e pela poda, sem esquecer da insinuante imagem daquele que planta, daquele que corta a lenha para aquecer o seu lar.

Lucrécia D´ Alessio Ferrara escreve com muita propriedade sobre a obra desse pintor: "Lembranças do cotidiano construído pelo trabalho com a terra marcada pelo tempo de preparar o solo, de semear ou plantar, pelo tempo de esperar, almejar e sonhar, o tempo de colher o café, a uva, a fruta, o cereal. Nesse espaço marcado pelo tempo do trabalho surgem e se desenvolvem as personagens familiares, figuras ancestrais que povoaram a imaginação da criança e permitiram se acendesse o imaginário do artista. O cerne da pintura se faz com técnica e materiais pesquisados com argúcia, mas sobretudo com atenção e ousadia para transformar o cotidiano em matéria poética".

Se Maccari tem na alma a paisagem e os frutos da terra, como na pintura "Colheita no Cafezal", oferecida ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, não há dúvida que, em torno desse tema, o artista desenvolve com grande efeito a sua obra: uma visão que sugere - inspirada das lembranças da criança e a tenacidade do pintor - um diálogo com a realidade e o despertar de um Brasil pujante graças à sua agricultura.

O Artista

Jerci Maccari nasceu em Urussanga, Santa Catarina, em 1949. Aos quatro anos, mudou-se para Francisco Beltrão (Paraná), onde passou sua infância.

Com doze anos de idade e à procura de uma educação almejada, mas impossível dentro dos horizontes familiares, sai da sua cidade e vai para o seminário de Ibicaré, em seguida para os seminários de Pirassununga e de Valinhos, onde permanece até 1972.

Participou de inúmeras exposições coletivas, ressaltando-se: Festival Internacional de Artes Plásticas em Pequeno Formato (Fiap), Porto Galeria de Arte, Coimbra e Lousã, Portugal (1992 e 1993); Arte Brasil 93, Departamento de Cultura, Desporto e Turismo - Câmara Municipal de Coimbra, Portugal; Arte Luso Brasileira - Galeão Galeria de Arte, Paredes, Portugal (1993); Encontro Naif - Pintura Brasileira - Espaço Cultural Barrock´o, Caiscais, Portugal (1994); Arte Brasil - Quinzena Brasileira - Espaço Cultural do Altis Park Hotel, Lisboa, Portugal (1995); Artes Plásticas Nalusofonia - Palácio Dom Manuel, Évora, Portugal (1996); Brasilian Art Vasp Art Gallery, California, Estados Unidos.

De suas exposições individuais, destacam-se: Galeria Coreto, Conservatório Musical Carlos Gomes - Campinas (1972); Centro Cultural Brasil-Estados Unidos, Campinas (1981); Centro de Convivência Cultural de Campinas (1985); Galeria de Arte do IAC PUCCAMP, Campinas (1987); Galeria Cultural de Campinas, Delegacia Regional da Cultura do Estado, Campinas (1988); Casa de Arte Brasileira, Campinas (1989); Centro Cultural - Prefeitura Municipal de Pedreira; Secretaria Municipal de Cultura de Botucatu (1990); Espaço Cultural Banco do Brasil, Valinhos (1991); Reflexões Visuais - Pódium Eventos e Secretaria Municipal de Cultura de Valinhos (1994); Reflexões Visuais, Espaço Cultural Professor Júnior, Sorocaba (1994); Reflexões Visuais, Espaço Cultural Banco do Brasil, Sorocaba (1995); Galeria Filetti, Santos (1997); E a Primavera Chegou - Parque Fernando Costa, São Paulo (1999); E a Primavera Chegou - Conselho Regional de Contabilidade (2002).

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