Claudio Souza Pinto exerce, com magnetismo e fascínio, o surrealismo do novo milênio

Emanuel von Lauenstein Massarani
28/05/2003 17:16

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Que lugar o surrealismo ocupa, ainda, na arte de nossos dias? Inúmeros críticos já proclamaram o fim de seu reinado. Será realidade? Aqui e acolá aparecem pintores que, desejosos de uma renovação interior, se voltam para o surrealismo. Se considerarmos que a contestação individual ou anarquista constitui uma constante do surrealismo, a pintura latino americana se mostrou particularmente sensível a esse estilo. O chileno Matta, o cubano Wilfredo Lam, o mexicano Tamayo, sem esquecermos dos surrealistas abstratos como Camacho e Toledo, são alguns nomes que nos vêm à mente.

No Brasil do novo milênio encontramo-nos, hoje, frente a um pintor de qualidade e de grande criatividade. A síntese do discurso de Claudio Souza Pinto está centrada sobre o sufoco a que o ser humano é submetido em cada momento do insano pulsar da grande cidade, sobretudo sobre a vida nas áreas metropolitanas, com seu condicionamento social e mental.

O artista penetra numa decomposição da figura, sugere e teoriza entre memória e realidade. Frente a suas obras somos levados a refletir, pois o seu discurso pictórico é dirigido ao homem de hoje, esmagado pelo seu próprio operar progressivo. Seu itinerário passa através de imagens simuladas, colhidas com um analogismo quase plástico, que dificilmente se inclina frente a momentos efêmeros de uma dialética gratuita.

Claudio Souza Pinto parte de um conceito de pintura entendido primariamente como sensação espiritual. A pesquisa da intensidade cromática, a impostação dos planos reconstituem as sugestões verídicas através da sensibilidade. Vultos e cenas hilariantes tomam corpo e parecem voar no espaço, quase numa dança voluptuosa, desejosos de sensibilizar o espectador e envolvendo-o num discurso que não sabemos se defini-lo de mais atual ou mais inquietante.

Uma conjunção de intimidade poética e de psicanálise percorre suas telas numa espécie de processo da razão que alimenta ilusões irrealizáveis e abstratas em direção do concretum do que se costuma chamar a condição existencial do homem. Em algumas de suas obras constatamos como a própria sociedade humana vive na incomunicabilidade e os indivíduos são sós e abandonados ao seu próprio destino, expostos às combinações as mais hostis das infinitas ¨vontades do poder¨ em concorrência entre si.

Como podemos constatar na obra ¨Por baixo do pano¨, oferecida ao Acervo Artístico da Assembléia Legislativa, são múltiplas as potencialidades da imaginação evocativa e simbolista de Claudio Souza Pinto, que reevoca o mistério com magnetismo e fascínio, graças às suas excelentes faculdades criativas, onde o artista obtêm efeitos extrasensoriais eficazmente expressos em uma linguagem quase esotérica.

O Artista

Claudio Souza Pinto, nome artístico de Claudio Luiz de Souza Pinto, nasceu em São Paulo no ano de 1954. Pintor, designer, escultor em pedra e madeira, fotógrafo, ceramista, maquetista e ilustrador, formou-se em desenho industrial pela Universidade Mackenzie.

Após exercer inúmeras atividades profissionais na área de criação e direção de arte em importantes empresas, desde 1992 tem se dedicado exclusivamente a carreira de artista plástico quando, durante sete anos se radicou em Paris.

Participou de inúmeras exposições individuais e coletivas, destacando-se entre elas: Ópera Garnier de Paris (1992/1993); Les Bains, Paris (1992,1993,1995,1996); Doobiés, Paris (1995); Galeria Espaço Mirante, SP (1997); Salão de Outono no Espaço Branly - Eifel, Paris (1997); Espaço Cultural da CEF em Brasília (1998); Banco Francês Brasileiro, Alphaville, SP (1998); Conjunto Cultural da CEF Rio de Janeiro (1999), Centro de Convivência 2000, Campinas -SP; Conjunto Cultural da CEF de Salvador - BA; Espaço Cultural Bayer SP (2000); Casa da Fazenda do Morumbi; Conjunto Cultural da CEF São Paulo e Chapell Art Show (2001/2002 e 2003); 32º Festival de Inverno de Campos do Jordão ; 9º Festival de Artes em Itú, Conjunto Cultural da CEF em Curitiba, Atrium Cultural São Paulo.

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