Boa ação dá lucro!

OPINIÃO - Arnaldo Jardim*
20/11/2002 17:28

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Estudos divulgados em diversos veículos de comunicação têm demonstrado uma nova realidade: as empresas que investem na área social lucram cada vez mais.

Resposta de Deus? Talvez, mas estudiosos explicam o aumento da rentabilidade destas empresas pela agregação de valor as suas marcas e/ou produtos com a realização de ações sociais.

Com o avanço da tecnologia, os produtos ficaram muito parecidos e o diferencial adotado pelas grandes empresas passou a ser o "marketing social", com a associação de suas ações filantrópicas ao modo de pensar dos consumidores. Assim, a população tem consumido cada vez mais produtos dessas companhias - que passaram a ser denominadas "empresas-cidadãs" -, na esperança de contribuir para um mundo melhor.

Essas ações são importantes no sentido de organizar a sociedade, suprir vácuos sociais que o Estado endividado não consegue preencher e aproximar as camadas de maior renda dos problemas de um país subdesenvolvido. Porém, o Estado pode ter um papel determinante, por seu poder de divulgação.

É fundamental a parceria de empresas e organizações da sociedade civil com o Estado para concretizar projetos sociais. Nos últimos tempos, tem se utilizado o envolvimento das pessoas e empresas com o trabalho social para medir o grau de maturidade social das nações.

Segundo pesquisa divulgada em 2001 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) , 59% das empresas do país - cerca de 465 mil - praticam algum tipo de atividade filantrópica, com investimento de R$ 4,7 bilhões.

Ao analisar o capital investido pelas empresas nas questões sociais, constata-se que o envolvimento é maior entre as grandes companhias (88%), enquanto 54% das empresas que possuem de um a dez funcionários e 69% das com 11 a 100 empregados contribuem de alguma forma com comunidades carentes.

Trata-se de um exército de voluntários que vem aumentando a cada ano e que possui um enorme potencial de crescimento entre as micro e pequenas empresas. Apesar do trabalho louvável, é necessário ressaltar que ainda prevalece o amadorismo na maioria dessas iniciativas, o que mostra a necessidade de se profissionalizar as Organizações Não Governamentais (ONGs) para obter avanços sociais.

Um outro dado surpreendente, divulgado pelo Centro de Estudos da Sociedade Civil dos Estados Unidos, mostra que essas organizações geram um em cada vinte empregos, em 22 países desenvolvidos e em desenvolvimento pesquisados, o que significa cerca de 19 milhões de empregados, em uma indústria de U$ 1 trilhão.

É necessário realizar campanhas mais transparentes para concretizar esse potencial, com ampla divulgação dos resultados para a sociedade, como forma de incentivar a participação dos cidadãos. Um bom exemplo é o da Fundação Abrinq, que criou um selo que identifica os produtos das empresas que apóiam projetos voltados às crianças e se transformou numa espécie de "atestado de idoneidade social". Outro caso interessante é o do Comitê para Democratização da Informática, que leva esses conhecimentos aos jovens que não têm acesso à internet e que hoje possui mais de 280 escolas espalhadas pelo Brasil.

Bons exemplos não faltam, o que demonstra a oportunidade de fazermos da responsabilidade social o grande negócio brasileiro. E o caminho para isso chama-se parceria.

Arnaldo Jardim é Deputado Estadual, Engenheiro Civil, 47 - Secretário da Habitação (1993) Relator do Fórum SP - Séc. XXI - Presidente Estadual do PPS

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