A vitória do governo contra o PCC

OPINIÃO - Afanasio Jazadji*
05/12/2002 15:43

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Já elogiei e volto a aplaudir a ação eficaz do governador de São

Paulo, Geraldo Alckmin, no processo que culminou no desmantelamento do

Primeiro Comando da Capital (PCC), essa facção que aterrorizava os

presídios e a população. Foi uma das mais importantes vitórias obtidas na

guerra contra o crime. Na verdade, o serviço de inteligência teve papel

fundamental nesse quadro. O fato de as informações voltarem a ocupar a

posição central que lhes cabe na ação da polícia aumenta a esperança da

sociedade de em breve se ver livre da situação de insegurança e pânico

criada pelos criminosos.

A destruição das centrais telefônicas do PCC foi o primeiro

grande sinal de que a tática do governo Alckmin estava certa. Em seguida,

o isolamento dos chefões do PCC no presídio de segurança máxima de

Presidente Bernardes, dotado de bloqueador de telefones celulares, foi

mais um passo decisivo. Sem meios de comunicação, os líderes dessa

organização passaram a usar suas mulheres como intermediárias para

prosseguir em suas ações criminosas. Foi algo que sugeri deste os tempos

do governador Mário Covas: preso tem de ser preso de verdade, sem

regalias, como aquelas que levaram a inúmeros motins.

O diretor do Departamento de Investigações sobre o Crime

Organizado (Deic), Godofredo Bittencourt, comentou que essa ação do

governo de isolar os líderes do PCC criou ciúmes entre as mulheres. Isso

acabou gerando mortes. Bombas foram colocadas onde não eram para ser

colocadas e a liderança rachou. O fato é que o ano de 2002 se encerra de

modo animador quanto às perspectivas de combate ao crime. Tivemos sete

anos de triste avanço dos bandidos, de 1995 a 2001, mas este ano mostrou

uma luz no fundo do túnel.

O Estado de São Paulo tem uma grande lição a tirar do episódio

do combate vitorioso contra o PCC: a necessidade de consolidar e ampliar

o serviço de inteligência da polícia, que desde o fim do regime militar

foi relegado a terceiro plano. Os graves e inegáveis abusos cometidos

então estigmatizaram os serviços de informações e tornaram politicamente

correto desativá-los. Desse erro aproveitaram-se os bandidos de todo tipo

e porte, principalmente os ligados ao crime organizado. Eles

incrementaram sua atuação e ampliaram as áreas sob seu domínio, na

Capital, no Interior e no Litoral.

Nos últimos meses, graças às mudanças introduzidas pelo

governador Alckmin é que se começou a enfrentar a patrulha ideológica nos

meios policiais. A inteligência voltou a merecer atenção. Não há no mundo

polícia eficiente que não dedique cuidado especial e grandes recursos

materiais e humanos aos serviços reservados, secretos. Isso ocorre nos

países democráticos e desenvolvidos, como os Estados Unidos, o Reino

Unido e a França, o que comprova não ser algo incompatível com o Estado

de Direito como diz a "turma protetora só dos direitos humanos dos

bandidos", já tão desgastada em nosso país.

Se organizado dentro do estrito respeito às normas legais, como

vem ocorrendo em São Paulo, esse serviço possibilita à polícia orientar

melhor suas ações, deixando de lado o uso cego da força bruta, que além

de ineficiente é uma ameaça aos direitos dos cidadãos. Nesse ponto, tenho

orgulho da participação da Assembléia Legislativa no episódio: como

deputado estadual, sugeri ao governador Alckmin uma série de medidas que

acabaram sendo colocadas em prática. Conselhos úteis, governo eficaz.

Afanasio Jazadji é radialista, advogado e deputado estadual pelo PFL

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