Já elogiei e volto a aplaudir a ação eficaz do governador de SãoPaulo, Geraldo Alckmin, no processo que culminou no desmantelamento doPrimeiro Comando da Capital (PCC), essa facção que aterrorizava ospresídios e a população. Foi uma das mais importantes vitórias obtidas naguerra contra o crime. Na verdade, o serviço de inteligência teve papelfundamental nesse quadro. O fato de as informações voltarem a ocupar aposição central que lhes cabe na ação da polícia aumenta a esperança dasociedade de em breve se ver livre da situação de insegurança e pânicocriada pelos criminosos.A destruição das centrais telefônicas do PCC foi o primeirogrande sinal de que a tática do governo Alckmin estava certa. Em seguida,o isolamento dos chefões do PCC no presídio de segurança máxima dePresidente Bernardes, dotado de bloqueador de telefones celulares, foimais um passo decisivo. Sem meios de comunicação, os líderes dessaorganização passaram a usar suas mulheres como intermediárias paraprosseguir em suas ações criminosas. Foi algo que sugeri deste os temposdo governador Mário Covas: preso tem de ser preso de verdade, semregalias, como aquelas que levaram a inúmeros motins.O diretor do Departamento de Investigações sobre o CrimeOrganizado (Deic), Godofredo Bittencourt, comentou que essa ação dogoverno de isolar os líderes do PCC criou ciúmes entre as mulheres. Issoacabou gerando mortes. Bombas foram colocadas onde não eram para sercolocadas e a liderança rachou. O fato é que o ano de 2002 se encerra demodo animador quanto às perspectivas de combate ao crime. Tivemos seteanos de triste avanço dos bandidos, de 1995 a 2001, mas este ano mostrouuma luz no fundo do túnel.O Estado de São Paulo tem uma grande lição a tirar do episódiodo combate vitorioso contra o PCC: a necessidade de consolidar e ampliaro serviço de inteligência da polícia, que desde o fim do regime militarfoi relegado a terceiro plano. Os graves e inegáveis abusos cometidosentão estigmatizaram os serviços de informações e tornaram politicamentecorreto desativá-los. Desse erro aproveitaram-se os bandidos de todo tipoe porte, principalmente os ligados ao crime organizado. Elesincrementaram sua atuação e ampliaram as áreas sob seu domínio, naCapital, no Interior e no Litoral.Nos últimos meses, graças às mudanças introduzidas pelogovernador Alckmin é que se começou a enfrentar a patrulha ideológica nosmeios policiais. A inteligência voltou a merecer atenção. Não há no mundopolícia eficiente que não dedique cuidado especial e grandes recursosmateriais e humanos aos serviços reservados, secretos. Isso ocorre nospaíses democráticos e desenvolvidos, como os Estados Unidos, o ReinoUnido e a França, o que comprova não ser algo incompatível com o Estadode Direito como diz a "turma protetora só dos direitos humanos dosbandidos", já tão desgastada em nosso país.Se organizado dentro do estrito respeito às normas legais, comovem ocorrendo em São Paulo, esse serviço possibilita à polícia orientarmelhor suas ações, deixando de lado o uso cego da força bruta, que alémde ineficiente é uma ameaça aos direitos dos cidadãos. Nesse ponto, tenhoorgulho da participação da Assembléia Legislativa no episódio: comodeputado estadual, sugeri ao governador Alckmin uma série de medidas queacabaram sendo colocadas em prática. Conselhos úteis, governo eficaz.Afanasio Jazadji é radialista, advogado e deputado estadual pelo PFL