Dívidas com o Pronaf serão renegociadas em Ribeirão Branco e Guapiara

Dinheiro estaria sendo utilizado para financiar grandes produtores, segundo presidente do Conselho Municipal
06/09/2001 10:30

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Da Assessoria

Aproximadamente 200 agricultores dos municípios de Ribeirão Branco e

Guapiara terão suas dívidas referentes ao Pronaf (Programa Nacional de

Fortalecimento da Agricultura Familiar) renegociadas com o Banco do Brasil.

O compromisso foi assumido na tarde da última terça-feira, 4/9, durante

reunião entre o vereador de Ribeirão Branco, Joaquim de Almeida Barros

(PT), o presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural de

Guapiara, Otávio Paulo da Silva, o presidente da Federação dos Trabalhadores

da Agricultura Familiar do Estado, Nivaldo Siqueira, a assessoria do

deputado Hamilton Pereira (PT) e o superintendente regional do

Banco do Brasil, Maurício Lambiasi.

O Pronaf financiou, em 1998, cerca de 300 agricultores daquela região.

Segundo Joaquim Barros e Otávio Silva, grande parte

desses agricultores não conseguiu saldar a dívida, devido a problemas como a

queda brusca no preço do tomate, a cultura predominante da região, e a

perda de safra. "Muitos agricultores já tiveram, inclusive, os bens

penhorados", afirmou Joaquim. "Sem ter como reiniciar o cultivo, de onde

esses agricultores irão tirar recursos para saldar a dívida?", questiona o vereador.

Segundo o superintendente do banco, os agricultores vêm enfrentando um ciclo

vicioso, e a maior dificuldade refere-se à escassez de investimentos por

parte do Governo. "O banco é o mandatário do Governo e trabalha com recursos

escassos", afirmou. "Hoje são direcionados para o Pronaf aproximadamente R$

70 milhões do FAT (Fundo de Apoio ao Trabalhador), sendo que a demanda real

é de R$ 300 milhões", completou Maurício.

Otávio Silva solicitou ao superintendente um levantamento sobre os

financiamentos feitos na região através do Pronaf. Segundo ele, o dinheiro

do Programa estaria sendo utilizado para financiar grandes produtores, em prejuízo da agricultura familiar.

O superintendente se comprometeu a apurar a denúncia e afirmou que 31 casos

de Ribeirão Branco já têm a prorrogação da dívida praticamente confirmada,

dependendo apenas de uma solução técnica referente ao sistema do banco.

Quanto ao restante dos agricultores, Maurício se comprometeu a analisar caso a caso e renegociar as dívidas dentro de, no máximo, duas semanas.

A região é considerada hoje a maior unidade de produção familiar e a segunda mais pobre do Estado de São Paulo.

alesp