Opinião - Unifesp do Litoral Paulista: um sonho de todos nós


15/04/2009 11:48

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A criação de uma universidade pública na Baixada Santista é um antigo anseio da comunidade do litoral paulista. E esse desejo não se origina simplesmente do oferecimento de mais vagas e oportunidades de formação superior à população da região, papel que historicamente vem sendo cumprido com competência pelas tradicionais universidades particulares existentes, mas principalmente pela vontade de ver a região transformada num verdadeiro pólo de criação de conhecimento e inovação tecnológica, fator essencial para a promoção do desenvolvimento em todos os sentidos.

Em São Paulo, temos exemplos da importância dessa estratégia: os pólos industriais e tecnológicos de São José dos Campos, com o Instituto Tecnológico de Aeronáutica, o ITA, São Carlos, com os campi da Universidade Federal e da USP e de Campinas, onde a Unicamp escreveu a história recente do desenvolvimento regional.

As lideranças políticas da região, entre as quais se destaca a ex-deputada Mariângela Duarte, tem longo retrospecto de participação nessa luta, cuja batalha mais emblemática foi o processo, ainda em curso, de instalação do campus da Universidade Federal de São Paulo, na Baixada Santista, sobre o qual eu mesmo apresentei, na Assembléia Legislativa, o projeto de lei 528/2005, autorizando o governo do Estado a transmitir à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) os direitos possessórios do imóvel destinado à implantação do seu campus.

Ainda mais recentemente, o senador Aloísio Mercadante apresentou o projeto de lei do Senado, PLS nº 485 de 16/12/2008, autorizando a criação da Universidade Federal do Litoral Paulista, pelo desmembramento do Campus Baixada Santista da Universidade Federal de São Paulo. Essa proposta é importante, porque resgata a luta pela instalação da universidade pública na região, a partir de um outro patamar.

A instalação da Universidade do Litoral, de forma independente, é essencial para a pesquisa em outras áreas que não aquelas em que a Unifesp já tem grande tradição, como a de saúde, além de se configurar como ato de justiça da União para com o Estado de São Paulo, pois, historicamente, foi o que recebeu menor investimento per capita em educação superior, dívida que o governo Lula vem sanando como a instalação dos novos campi federais.

É na região do litoral paulista onde está o maior potencial para aproveitamento do conhecimento a ser gerado em áreas estratégicas de ponta para o desenvolvimento nacional, como o desenvolvimento sustentável, a produção de petróleo e gás e a logística portuária e de transportes. Nesse sentido, ressalto como fato novo a criação do Centro de Excelência Portuária (Cenep), voltado para a capacitação da mão de obra portuária e do qual fui o primeiro superintendente.

Portanto, núcleos de pesquisa voltados especificamente para o conhecimento da biodiversidade da Mata Atlântica e dos biomas flúvial-marinhos, para o estudo das ciências do mar, das ciências sociais aplicadas ao comércio exterior e ao turismo, assim como para a pesquisa no campo da logística do petróleo e gás, precisam estar no foco dessa universidade.

A oportunidade para a instalação da Universidade Federal do Litoral Paulista é evidente. O senador Mercadante levanta essa bandeira por São Paulo e, a ele, devem se juntar as lideranças políticas da região e do Estado numa articulação conjunta, para que o PLS 485 seja aprovado e sancionado pelo presidente Lula.



*Fausto Figueira é médico e deputado estadual pelo PT

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