Para quando o presidente não for mais nada

Opinião
08/04/2008 17:36

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Mesmo quem não tem paciência para acompanhar os discursos do presidente Luís Inácio Lula da Silva, recheados de metáforas que assombram e de comparações de um Brasil que só existe para ele (nunca antes nesse país!), até mesmo as "elites raivosas" que atrapalham tanto os programas de seu governo vibraram com o recente projeto pessoal do presidente, anunciado durante discurso em Porto Alegre. "Quem sabe, quando eu não for mais nada, eu possa concluir, através da Universidade Aberta, o diploma universitário".



Ainda no discurso, Lula justificou esse atraso na sua vida estudantil por conta dos tantos obstáculos (ou seriam prioridades?) que a vida lhe colocou. Primeiro, segundo ele, por falta de condições. E esta é, presidente, a realidade de milhões de brasileiros que não têm acesso ao ensino superior, impedidos porque faltam universidades públicas, porque suas famílias não podem pagar os cursos particulares, porque ao interessado faltam vagas no mercado de trabalho para que ele mesmo possa custear seus estudos.



Mas as outras razões apontadas, presidente, essas realmente não convencem.

O casamento, a militância sindical e a presidência da República não deixaram que o ensino superior ocupasse seu tempo, segundo suas justificativas. Dá para imaginar quantos são os brasileiros que, vencida a falta de condições, vão à luta por um diploma universitário? Que atravessam madrugadas debruçados sobre livros, enfrentam provas, trabalhos de fim de curso, e assinam ponto nas empresas onde trabalham, sem direito a faltar só porque estudam?



E os casados, então? Com filhos, inclusive! Será que esses brasileiros " os que se casam, que trabalham, os que militam em partidos políticos " têm alguma qualidade excepcional que lhe foi negada, já que perseveram até ter nas mãos o diploma, mesmo com uma vida tão ocupada? Ou será que eles se comprometem com um projeto, com um plano, com um discurso e levam até o fim a palavra empenhada?



Tomara que o diploma universitário do cidadão Lula se concretize, em qualquer tempo que isso aconteça. Que não seja mais uma daquelas promessas que, passados seis anos do seu governo, não foram cumpridas. Como "criar o melhor plano de segurança pública"; ou os "dez milhões de empregos", ou "a melhor saúde que este país já viu" e todas as projeções mirabolantes que só não vingaram, ainda, porque "as elite" torcem para tudo dar errado.



Desta vez, presidente, até "as elite" torcem para que tudo dê certo. Nem que seja para o sr. combinar o artigo com o substantivo e fazer certinho o ditado para os netos...



*Bruno Covas é deputado estadual pelo PSDB e presidente nacional da Juventude PSDB

alesp