O irreal na impassibilidade das figuras de Ana Flávia Armani

Emanuel von Lauenstein Massarani
09/12/2002 14:02

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A reação à civilização industrial gerou em fins do século XIX o inquietante movimento simbolista. O novo milênio parece seguir os mesmo passos relançando a magia, a astrologia, a parapsicologia, o culto ao Oriente, a voga do mistério e as práticas psicodélicas.

Entretanto, o interesse que a pintura simbolista de Ana Flávia Armani suscita é de se espelhar na impassibilidade de suas figuras, na calma hierática de uma expressão que se torna vivo testemunho de uma profunda verdade interior.

A jovem pintora conseguiu obter - nessa retomada de sua atividade artística - uma linguagem alternativa às frias experiências da sociedade tecnológica avançada; uma linguagem que recupera os sinais de uma civilização remota para ser reproposta com toda sua carga de ambigüidade e alusiva reevocação.

Em tal sentido, resultam figuras de estruturação sólida e compacta, de uma volumetria precisa, onde a relação monocromática põe em evidência um gesto, um olhar e um movimento lento do corpo.

A figura humana na pintura de Ana Flávia assume um caráter de predominante comunicação, de elo, mediante o qual exprime seus sentimentos, as sensações, as emoções próprias da existência humana.

Em cada momento a sua personalidade de mulher e de artista permanece claramente individualizada e qualquer sugestão que ela projete poderá alcançar a mais completa realização de si própria.

Embora, consideremos uma interferência desnecessária, o texto incluído em "Falena", pintura criada pela artista em homenagem a Chiquinha Gonzaga e oferecida ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, pode-se constatar uma obra cuja essencialidade e nitidez são penetrantes na capacidade expressiva de sua imagem que alcança, apesar de sua beleza, o irreal.

A Artista

Ana Flávia Armani nasceu em São Paulo no ano de 1967. Possui em sua bagagem acadêmica a formação de Arquiteta e Urbanista. Iniciou suas atividades artísticas aos dez anos de idade. Após um longo afastamento, retornou a pintura no ano de 2000, numa nova fase, quando deixou de lado a pintura acadêmica.

O livro "O Feitiço de Áquila" constituiu-se numa fábula inspiradora que a motivou a retornar as atividades artísticas. Realizou vários painéis de caráter comemorativo.

Participou de mostras individuais no Sindicato dos Funcionários do Judiciário; na Procuradoria Geral do Estado (2000); na APETESP e no Saguão Principal do Tom Brasil (2001). Possui obras em diversas coleções particulares e oficiais, dentre elas a do Palácio 9 de Julho.

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