DA REDAÇÃO A Associação Mutual Israelita da Argentina está inaugurando memorial em São Paulo, com a finalidade de lembrar as vítimas do atentado que essa organização não-governamental sofreu em sua sede argentina, em 1994. O presidente da AMIA, Abraham Kaul, visitou a Assembléia Legislativa nesta quinta-feira, 12/12, para divulgar a inauguração e explicar os principais motivos que geraram a criação do memorial.Kaul foi recebido pelo presidente da Casa, Walter Feldman, que esclareceu sobre a inauguração. "Há oito anos, a AMIA sofreu um atentado contra sua sede argentina. Crime que não foi elucidado até hoje. A Associação quer chamar atenção para essa questão."Segundo Feldman, muito há para se investigar no que diz respeito a terrorismo na América Latina. "Denúncias dão conta de que grupos terroristas têm atuado nas fronteiras.""Após o atentado que vitimou 85 pessoas, a Associação e outros grupos israelistas dobraram seus cuidados quanto à proteção de fachadas e acesso a templos e clubes", afirmou Kaul. O memorial conta com parceria da Secretaria da Educação para que possa ser visitado por alunos de escolas não-judaicas. O objetivo é que eles tomem conhecimento da história de forma mais contundente.TerrorismoO primeiro atentado terrorista anti-sionista na Argentina aconteceu em 13/3/1992 contra a embaixada de Israel. Dois anos depois o alvo foi a sede da AMIA, em 18/7/1994. De acordo com o presidente da Associação, a impunidade incentiva a ocorrência de novos atentados. "Com o passar dos anos perderam-se as provas sem que o atentado fosse esclarecido. Isso mostra o descaso das autoridades responsáveis pela investigação."Kaul ressaltou a forma pacífica como as comunidades judaicas e árabes convivem no Brasil. "Não queremos que o conflito externo atinja este país. Porém, depois do atentado de 11/9, somos todos prisioneiros indiretos dos terroristas."Para Feldman, os países fazem uma preparo militar contra o terrorismo, mas não realizam um trabalho de conscientização pública, principalmente no que se refere a conceitos de cidadania.Trabalho socialA AMIA desenvolve um interessante trabalho social na Argentina. Kaul afirmou que a crise naquele país atingiu, além dos setores mais pobres, a classe média: "Não há emprego no país e existem 60 mil pessoas em estado de total pobreza". A Associação é responsável pela distribuição de roupas, alimentos e remédios. "Entretanto, não é o suficiente. Hoje, a maior preocupação dos argentinos é o trabalho." Nesse sentido, a AMIA fez um acordo com o BID para fornecer bolsas-trabalho, com a capacitação de 800 pessoas, escolhidas por meio de cursos profissionalizantes.O projeto deverá contar com cooperação do Brasil e do Uruguai.